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Razões para não investir na Vale vão virar motivo para comprar, diz Goldman

Banco reitera recomendação de compra e diz a relação risco-retorno para a ação está atraente

Vale: Baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos quanto à capacidade de crescimento operacional (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Vale: Baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos quanto à capacidade de crescimento operacional (Tomaz Silva/Agência Brasil)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 3 de julho de 2024 às 19:56.

Última atualização em 3 de julho de 2024 às 19:57.

A ação da Vale está barata e o que tem afastado investidores do papel deve, muito em breve, se tornar razão para comprá-lo. Ao menos é o que acredita o time do Goldman Sachs.

Em relatório distribuído nesta quarta-feira, 3, o time do banco reiterou a recomendação de compra, afirmando que há um “risco-retorno atraente”. O preço-alvo foi reduzido de US$ 16,20 para US$ 16 para o recibo de ação, numa valorização de 43,6% sobre o fechamento anterior.

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“Com base em nossas conversas com investidores, notamos uma exposição muito baixa ao minério de ferro e à Vale e esperamos que notícias positivas desencadeiem uma reavaliação”, escrevem Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques.

No acumulado do ano, a Vale registra uma queda de 30% de valor de mercado, bem acima das desvalorizações de concorrentes como Rio Tinto e BHP, que recuaram entre 13% e 14%. A queda das ações também supera a perda de 21% dos preços do minério de ferro de janeiro até agora.

Parte dessa avaliação negativa está atribuída à baixa exposição dos investidores domésticos, pessimistas com o minério de ferro e cautelosos sobre a capacidade de crescimento operacional da companhia. Do lado dos investidores internacionais, o pé atrás com o papel tem a ver com a preferência por uma exposição maior em cobre, os ruídos políticos na sucessão do CEO e o acordo final para o rompimento da barragem do Fundão, da Samarco (joint-venture da Vale com a BHP).

O rompimento acontecido em 2015, em Mariana, até hoje não tem uma solução definitiva e vive insegurança pela falta de repactuação na Justiça brasileira e por ações movidas em cortes internacionais. Mas é justamente esse um dos pontos que logo deve mudar, de acordo com o Goldman Sachs, ajudando a aumentar a confiança na ação da mineradora.

“Tanto a Vale quanto a BHP indicaram publicamente que estão otimistas em relação a um acordo final sobre Samarco no curto prazo”, destacam os analistas, afirmando que o acordo é importante para reduzir a percepção de risco dos investidores internacionais e desbloquear uma valorização potencial de 17% via programa de recompra ou pagamento de dividendo.

O time do banco também está confiante de que as conjunturas do mercado de minério devem ajudar na reavaliação da Vale. “Acreditamos que o bom suporte de custo do minério de ferro, combinado com as exportações elevadas de aço e o baixo uso de sucata na China, poderia sustentar o minério de ferro acima de US$100 por tonelada”, afirmam.

A percepção de recuperação mais intensa da economia chinesa também poderia desencadear um influxo importante no setor. No entanto, o otimismo com o cobre, que afeta a exposição de investidores ao minério de ferro, não deve mudar tão cedo.

Ainda sobre a avaliação, o banco vê o rendimento do FCF (fluxo de caixa livre) da brasileira em 12% para 2024 e 10% para 2025, um desconto significativo ante os pares, de 6%.

A equipe aproveitou para atualizar suas previsões antes de a mineradora divulgar os resultados do segundo trimestre, incorporando nos números os preços das commodities, câmbio e frete. Agora espera que a Vale entregue US$ 4,1 bilhões em Ebitda, com custos de minério de ferro sequencialmente mais fracos, melhores preços realizados e maiores volumes.

No pregão desta quarta-feira na Nyse, o ADR da Vale subiu 4,22%, para US$ 11,61. No Ibovespa, a ação avançou 1,99%, a R$ 64,18.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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