Logo Exame.com
Aviação

O plano da Gol para sair da recuperação judicial – e atrair um sócio

Caminho para saída da recuperação judicial passa por refinanciamento de cerca de US$ 2 bilhões em dívida garantida de longo prazo e uma emissão de novas ações no valor de US$ 1,5 bilhão

Gol: companhia estima melhoria de resultado de cerca de R$ 1 bilhão com plano (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)
Gol: companhia estima melhoria de resultado de cerca de R$ 1 bilhão com plano (Dado Galdieri/Bloomberg/Bloomberg)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de maio de 2024 às 10:59.

Última atualização em 27 de maio de 2024 às 11:15.

A companhia aérea Gol anunciou nesta segunda-feira, 27, seu novo plano financeiro de cinco anos. Um dos passos para sair do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, o plano começou a ser desenhado em abril, como antecipou o INSIGHT, e abre espaço para as negociações da companhia com interessados no negócio ficarem mais ativas – a concorrente Azul é uma das principais apontadas.

O processo de financiamento de saída do processo de recuperação judicial envolve o refinanciamento de cerca de US$ 2 bilhões em dívida garantida de longo prazo e uma emissão de novas ações no valor de US$ 1,5 bilhão. Parte dos recursos da emissão vai pagar o financiamento existente de devedor em posse (DIP) de US$  1 bilhão, firmado ao entrar no Chapter 11. Com o aumento de capital e melhorias de resultado, a companhia acredita ser possível chegar a uma alavancagem de 1,7x em 2029.

Para a injeção de capital, a Gol e seus assessores vão avaliar "propostas de financiamento de saída e quaisquer operações alternativas viáveis e competitivas, incluindo oportunidades apresentadas por potenciais fontes de capital próprio e de dívida."

Além da Azul, companhias aéreas dos Estados Unidos e da Europa teriam demonstrado interesse, de acordo com pessoas próximas ao processo ouvidas pelo INSIGHT. Esse processo competitivo começa em junho, segundo a Gol, e pode se estender até o início do quarto trimestre.

Na quinta-feira, a Azul e a Gol anunciaram um acordo de codeshare para compartilhamento de voos nacionais, o que reforçou as expectativas de uma potencial fusão. De acordo com reportagem  de abril da agência Bloomberg, as conversas entre Azul e Gol têm avançado com uma solução via troca de ações da Abra, holding que controla a companhia criada pela família Constantino  e a colombiana Avianca. 

Executivos do setor afirmam, no entanto, que esse não seria um casamento trivial, em especial pelo desenho societário. Atualmente, cerca de 56% do capital social da Gol é da Abra. A holding, por sua vez, tem em sua base acionária a família Constantino, Roberto Kriete e os outros sócios da Avianca, entre eles os fundos Elliott e Kingsland e South Lake.

Na Abra, os Constantino e os sócios da Avianca governam o negócio por meio de um acordo de controle compartilhado. Numa potencial troca de ações com a Abra, a Azul ficaria com fatia limitada de participação, inferior a 20%, calcula uma pessoa com conhecimento do mercado.

A companhia estima terminar 2029 com 169 aeronaves na frota. Em maio, como parte da reestruturação tinha acordos aprovados pelo Tribunal de Falências dos Estados Unidos para 113 aeronaves e 48 motores. Ela negocia pacotes de concessão dos lessores (jargão do setor para arrendadores de aviões e motores) para cobrir todas ou a grande maioria de suas aeronaves. Também espera apoio financeiro na recuperação de motores, o que deve contrair a capacidade neste ano.

Essa redução inicial de frota deve levar a uma redução nas margens em 2024. A expectativa da companhia é encerrar 2024 com margem Ebitda de 24%, contra 27% do ano passado. Gradualmente, no entanto, o indicador deve melhorar, indo a 29% em 2025 e até 34% em 2029. A margem Ebitda deve ser impulsionada pelo programa anual de melhoria de resultado.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Natura fecha acordo dentro de RJ da Avon Products; ação sobe 3%

Natura fecha acordo dentro de RJ da Avon Products; ação sobe 3%

Unipar capta R$ 673 milhões com BNDES para modernização de Cubatão

Unipar capta R$ 673 milhões com BNDES para modernização de Cubatão