Com expectativa de fusão, Azul e Gol firmam parceria para voos no Brasil
Acordo passa a valer no fim de junho e envolve apenas as rotas domésticas exclusivas
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 23 de maio de 2024 às 23:20.
Última atualização em 24 de maio de 2024 às 07:09.
Em meio a notícias sobre uma potencial fusão, as companhias aéreas Gol e Azul anunciaram na noite desta quinta-feira, 23, um acordo de cooperação comercial que vai conectar as suas malhas aéreas no Brasil por meio de um codeshare.
A parceria inclui as rotas domésticas exclusivas, ou seja, operadas por uma das duas empresas e não a outra. Entra em vigor no final de junho.
Segundo as duas empresas, Azul e Gol possuem cerca de 1.500 decolagens diárias. O acordo vai criar mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão. A Gol tem menos rotas em comum com a Azul do que com a Latam, cuja sobreposição é de 65%.
Embora não fale diretamente o nome da Gol, John Rodgerson, CEO da Azul, tem sido vocal em defender que a "consolidação do mercado brasileiro" seria positiva. Em recuperação judicial nos Estados Unidos desde janeiro, a Gol é alvo de interesse de mais de um player, de acordo com pessoas próximas ouvidas pelo INSIGHT, entre elas a própria Azul e uma companhia aérea europeia.
Enquanto isso, a expectativa é de que acordos definitivos esses lessores, como são chamados no jargão do setor, sejam firmados até meados de junho. A partir daí as formas de financiamento extra, entre eles um novo sócio, começariam a ser negociadas ativamente.
De acordo com reportagem de abril da agência Bloomberg, as conversas entre Azul e Gol têm avançado com uma solução via troca de ações da Abra, holding que controla a companhia criada pela família Constantino e a colombiana Avianca.
Executivos do setor afirmam, no entanto, que esse não seria um casamento trivial, em especial pelo desenho societário. Atualmente, cerca de 56% do capital social da Gol é da Abra. A holding, por sua vez, tem em sua base acionária a família Constantino, Roberto Kriete e os outros sócios da Avianca, entre eles os fundos Elliott e Kingsland e South Lake.
Na Abra, os Constantino e os sócios da Avianca governam o negócio por meio de um acordo de controle compartilhado. Numa potencial troca de ações com a Abra, a Azul ficaria com fatia limitada de participação, inferior a 20%, calcula uma pessoa com conhecimento do mercado.
O acordo inclui os programas de fidelidade, permitindo que membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas no programa de sua escolha ao comprar os trechos. Os clientes poderão pesquisar trechos nacionais exclusivos de uma ou de outra companhia e comprar pelos canais de vendas das duas.
Os pontos e milhas referentes aos trechos do codeshare comprados nos canais digitais da outra companhia aérea poderão ser acumulados no Azul Fidelidade ou no Smiles, à escolha do cliente.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado