Com 4º tri "de ouro", lucro da C&A dobra e bate (com folga) previsão do mercado
Varejista viu as vendas de vestuário saltarem 18% em mesmas lojas com iniciativas de aumentar a venda por metro quadrado
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 19:18.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2024 às 19:20.
O último trimestre da C&A reforçou a percepção do mercado de que o negócio da varejista está em boa forma e conseguindo superar o ambiente ruim e competitivo que as lojas de vestuário enfrentaram ao longo de 2023 -- com a Shein fazendo muitas das varejistas repensarem suas estratégias comerciais.
A última linha do balanço bateu com folga a expectativa do mercado. Desconsiderando os créditos fiscais reconhecidos no quarto trimestre de 2022 e no mesmo período de 2023, o lucro líquido dobrou, chegando a R$ 145 milhões. Sem esse ajuste, o lucro líquido caiu 21%, para R$ 168 milhões -- um número que também superou o consenso do mercado de R$ 113 milhões. No consolidado do ano, o prejuízo líquido caiu 76%, para R$ 44,8 milhões.
A receita cresceu 18%, para R$ 2,29 bilhões, com as vendas do varejo coroando a estratégia de digitalização e uso de inteligência artificial para ser mais assertivo nas coleções. Os números positivos são puxados por um aumento de fluxo nas lojas e traduzida em maiores volume de vendas.
As vendas em mesmas lojas cresceram 15,8% (um crescimento de mais de 14 pontos em relação ao mesmo período do ano passado). Se considerado os números comparáveis apenas para vestuário, o indicador mostra um crescimento de 18,5%.
“Nosso portfólio de loja é muito premium. Esse ativo que temos de lojas somado à força da marca dá para a gente uma confiança de que tem espaço para vender mais por metro quadrado. Agora queremos fazer nossos ativos renderem ainda mais. Essa é a nossa energia número 1 hoje”, diz o CEO, Paulo Correa, em entrevista exclusiva ao INSIGHT. No primeiro mês de 2024, o executivo diz que o desempenho de vendas continuou evoluindo, com os números superando as projeções da administração.
Esse avanço do varejo ajudou a empresa a seguir com seu plano de melhora de rentabilidade, que já vinha obtendo sucesso nos trimestres anteriores e motivando analistas sell side a dar upgrade nas recomendações e nas estimativas de preço-alvo da ação da C&A. O modelo de distribuição chamado de push and pull atingiu 38% de participação de distribuição de produtos, dentro do target estabelecido pela direção da C&A.
Esse modelo de definição e distribuição da coleção de forma mais segmentada é a chave para que a empresa venha sendo mais assertiva nas coleções, de acordo com Correa. E está aí, diz ele, parte relevante da razão para o crescimento tão expressivo dos negócios.
Outra alavanca para as vendas é o amadurecimento da plataforma financeira C&A Pay, que além de oferecer crédito, intensifica a relação com os clientes. “Fator importantíssimo de relacionamento, diálogo com o cliente mais frequente. E isso acaba trazendo nível de recorrência maior do cliente e um ‘spending’ anual significativamente maior”, diz o CEO.
O C&A Pay respondeu por 25% das vendas do quarto trimestre —um ano antes, era 16%. Segundo Correa, ainda há bastante espaço para a plataforma, lançada há dois anos, evoluir, mas agora em ritmo mais lento, dado o patamar alcançado.
Com o operacional azeitado, o Ebitda da companhia terminou o ano com um salto de quase 40%, para R$ 1,04 bilhão. Essa melhoria ajudou a reduzir drasticamente a alavancagem da empresa, de 3,9x para 1,5x. “É uma história bastante robusta. Terminamos o ano com chave de ouro.”
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado