BofA: 'De tão Bearish, eu estou Bullish'
Pesquisa mensal do banco americano mostra piora no nível de pessimismo dos gestores de investimento
Publicado em 19 de julho de 2022 às 13:03.
Última atualização em 19 de julho de 2022 às 13:06.
“Um terrível nível de pessimismo.” É o que mostra a pesquisa do Bank of America (BofA) com fundos de investimentos deste mês de julho. As expectativas de crescimento e lucratividade para a temporada de balanços do segundo trimestre está no nível mais baixo da história, a reserva de caixa das carteiras é a maior desde o ataque às Torres Gêmeas, de 11 de setembro de 2001, e a alocação em ações está no menor patamar desde a crise do Lehman Brothers. Boa parte dessas tendências começaram a se consolidar em abril, mas agora o sentimento se agravou ainda mais.
Para entender o que é isso em números, a pesquisa aponta que 58% das gestoras que participam do levantamento estão tomando menor risco do que o normal — o percentual que se colocou como conservador nesse momento é maior do que o visto na crise do Lehman Brothers. Enquanto agora o nível está mais perto de 60%, no auge do estresse, em outubro de 2008, estava ligeiramente acima de 50%. Neste mês, 259 gestores foram consultados, com um total superior a US$ 720 bilhões em ativos administrados.
De acordo com o BofA as expectativas a respeito de uma recessão alcançaram taxa de consenso, acima de 50%, em nível só mais baixo do que o visto em março de 2009, ainda como consequência à crise do Lehman, e em abril de 2020, quando o temor em relação à pandemia alcançou o sentimento mais agudo. Por isso, segundo o relatório, os investidores continuam querendo ver balanços fortes, sem aumento nos investimentos ou gastos com recompra. E o pessimismo não é só com o mercado de ações, não. Nem os bonds escaparam. A expectativa é yields baixos, com os investidores antecipando o achatamento da curva de rendimento.
O quadro de maiores riscos percebidos pelos investidores mostram que a maior preocupação é com uma crise de solvência na Europa, devido ao cenário de inflação global e necessidade de aumento da taxa de juros. Junto com isso, o segundo tema de maior atenção são eventuais erros na condução da situação pelos bancos centrais europeu (BCE), americano (FED) e chinês (PBoC).
Mas, apesar dos fundamentos pobres, o BofA acredita que o sentimento indica que a temporada de balanços pode trazer um certo rally nos mercados. O pessimismo é tão grande que dá até para ficar otimista e acreditar em alguma melhora “do olhar”. No maior patamar já visto, 79% dos investidores consultados acreditam que os resultados das empresas mostraram piora na rentabilidade na comparação anual. Uma curiosidade chocante: esse percentual amentou 7 pontos em relação à pesquisa de junho.
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