Logo Exame.com
Breaking NewsFusões e Aquisições

Arezzo &Co e Soma negociam fusão que criaria uma 'house of brands'

Calçadista teria 56% do capital da nova companhia e dona da Animale e da Farm ficaria com 44%, apurou o INSIGHT; interesse de Alexandre Birman vem desde 2021

Soma: grupo de moda estava no radar de Birman desde 2021 e hoje tem valor de mercado de R$ 6,2 bilhões (Divulgação/Divulgação)
Soma: grupo de moda estava no radar de Birman desde 2021 e hoje tem valor de mercado de R$ 6,2 bilhões (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 16:13.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 20:34.

Mais de um ano de namoro depois, uma junção entre Arezzo &Co e Grupo Soma está perto de sair do papel. A fusão aconteceria a preço de tela, com 56% nas mãos da Arezzo e 44% para a Soma, apurou o INSIGHT, num negócio que agradou o mercado. Os papéis da calçadista sobem 14% e a da empresa de vestuário, 18% após o anúncio das negociações.

A notícia das conversas foi antecipada pelo Neofeed, e em seguida confirmada em fatos relevantes por ambas as companhias, que não citaram, no entanto, a relação de troca que está na mesa. A nova empresa -- uma potência com faturamento combinado de R$ 12 bilhões -- seria comandada por Alexandre Birman. Roberto Jatahy, CEO atual do Grupo Soma, seguiria como CEO das marcas da sua empresa dentro dessa nova companhia.

Com portfólios complementares, o negócio pode trazer sinergias de até R$ 4,5 bilhões. Entre os ganhos apontados pelo grupo Arezzo estariam a utilização do conhecimento do grupo mineiro para expansão de calçados e acessórios nas marcas do grupo Soma como Hering, NV e Animale. Outro ponto seria a integração completa da cadeia, redução do lead time, e melhoria em toda cadeia de suply chain até o  estoque.

"É uma transação que faz todo sentido", aponta um acionista minoritário de ambas as empresas. "A Soma dá a avenida de crescimento em vestuário feminino que a Arezzo busca, e a nova empresa se torna uma verdadeira house of brands, um conceito que vem cada vez mais ganhando atratividade".

A Arezzo &Co tem a Reserva, forte em moda masculina, e a Baw, de streetwear, mas começou a colocar os pés no segmento de vestuário feminino com a compra da Carol Bassi e expandindo o portfólio de Schutz para além dos calçados. O grupo Soma tem a Animale, a Farm, a Hering, Maria Filó, Cris Barros, NV e Dzarm no portfólio.

As empresas chegaram a manter conversas sobre uma fusão em 2021, mas o negócio esbarrou no valuation. Na época, o Soma valia R$ 12 bilhões na bolsa, enquanto a Arezzo negocia a R$ 8 bilhões. Hoje, essa relação se inverteu e, antes do anúncio da potencial fusão, a dona da Hering valia R$ 5,5 bilhões e a empresa da família Birman, R$ 6,5 bilhões.

"São empresas com múltiplos muito similares, na casa de 16 vezes o lucro para este ano", pondera um analista, numa conta que já considera o impacto da MP das subvenções que deve mudar a alíquota de imposto especialmente de Soma.

Se há dois anos as conversas entre Soma e Arezzo foram intermediadas por bancos, desta vez elas foram costuradas diretamente por Alexandre Birman e Jatahy, o fundador da Animale e um dos maiores acionista do Soma. A proposta foi apresentada esta semana aos conselhos. Na relação de troca proposta, a família Birman, que hoje tem 36% da Arezzo ficaria com 21,5% da nova companhia; os controladores de Soma com 16,45%, num acordo de acionistas de 10 anos.

Com um bloco de acionistas de referência pulverizado, formado pelos donos das marcas que foram incorporadas ao longo do tempo, a maior resistência ao acordo dentro do Soma vem da família Hering, segundo fontes próximas as negociações.

A Arezzo fez uma proposta para comprar a Hering em 2021, mas acabou sendo desbancada por uma oferta superior no Grupo Soma, e a relação entre Birman e Fabio Hering saiu estremecida. Na estrutura proposta agora, a Hering seria uma unidade de negócios separada, liderada por Tiago Hering, da família fundadora. Ela estaria ao lado de uma divisão de calçados, outra de Soma, e da AR&Co, divisão que reúne a Reserva e marcas como Baw, sob o comando de Rony Meisler.

Apesar do desconforto, a família Hering tem hoje uma participação pequena na Soma, e a família Jatahy é de longe a maior acionista, com 22% dos papéis.

"Não há, no momento, qualquer documento vinculante firmado e, portanto, não se pode confirmar que a operação de fato se realizará", dizem os documentos publicados pela Arezzo &Co e Soma. A ideia inicial era anunciar a potencial fusão depois do carnaval, afirmou uma pessoa próxima à calçadista.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Continua após a publicidade
Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Azzas faz simplificação de portfólio e dá adeus a Alme, Dzarm, Reversa e Simples

Azzas faz simplificação de portfólio e dá adeus a Alme, Dzarm, Reversa e Simples