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Por que o BTG Pactual gosta tanto do Banco Pan

Depois de ampla reorganização, ex-banco de Silvio Santos vale hoje R$ 15 bilhões

Banco Pan: a financeira que virou banco digital originou R$ 10,2 bi em crédito no quarto trimestre
Banco Pan: a financeira que virou banco digital originou R$ 10,2 bi em crédito no quarto trimestre
GV

28 de abril de 2021 às 14:35

A razão pela qual o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME ) quer tanto o Banco Pan é muito simples. Depois de todo o esforço de recuperação e digitalização que foi feito no ex-banco de Silvio Santos, um trabalho de quebrar pedra, o Pan se transformou em um Nubank ou um Inter que já dá lucro.

A operação, que começou como uma financeira voltada para o consumo (lembram do bom e velho carnê?) e migrou para um modelo de banco digital, tem mostrado crescimento acelerado e, ao mesmo tempo, lucro — artigo raro em fintechs e bancos digitais, que ainda vivem a fase natural de comprar expansão. Rentabilizar a base é só o próximo estágio para os novos entrantes.

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Já no Pan, a próxima fase é expandir ainda mais o retorno, depois da virada do negócio, que ficou marcada na transição de 2018 para 2019. No ano passado, o banco teve lucro líquido de R$ 656 milhões, com alta de 27%. O retorno sobre patrimônio (ROE) subiu de 11,4% para 12,8%, sem ajustes.

O Índice de Basileia, fotografia da solvência de uma instituição usada pelo mundo todo, terminou dezembro em 15,9%, um avanço de 3,1 pontos percentuais, e num ano como 2020, com tudo para ser uma tragédia no crédito de consumo à baixa renda.

Com a transação, no valor de R$ 3,7 bilhões, o BTG Pactual assume o controle total do Pan. A Caixa, que tinha um diretor e quatro conselheiros, sai de cena, levando para casa um bom retorno por ter participado do processo de recuperação da instituição. Em 2019, o banco estatal vendeu parte das ações a R$ 8,43 e agora, um ano e meio depois, a R$ 11,42. Ao todo, com as duas operações, deve obter um lucro superior a R$ 2 bilhões.

A mensagem com essa operação é bastante clara: o BTG Pactual aposta no modelo de negócios da instituição, voltada para a classe C. O Pan preenche o portfólio de frentes no setor financeiro: banco de atacado e investimento, banco de varejo digital, plataforma de investimentos e também financiamento e banco digital para baixa renda. A operação segue como um negócio controlado pelo BTG, mas com vida própria, como já é hoje.

O mercado gostou da notícia. As ações preferenciais do Banco Pan subiam mais de 10%, para R$ 12,42, com a instituição avaliada em R$ 15 bilhões na B3. Nesse começo de pregão, até a ação do comprador tinha ligeira alta, o que não costuma ser a praxe. A unit do BTG Pactual tinha leve valorização de 0,05%, a R$ 98,50.

Para o BTG, o acordo privado facilitou tudo. Já havia interesse em comprar os papéis na oferta secundária que a Caixa anunciou para vender sua participação há cerca de três semanas, pelo menos para ter a maioria do capital votante com folga.

Mas, há uma semana, o banco enviou a proposta para aquisição de toda a posição. A negociação foi rápida e evitou que a instituição federal tivesse de enfrentar um desconto em bolsa na oferta, em especial com o aumento da volatilidade dos mercados e a redução do interesse por risco.

A compra não vai pesar nos indicadores do BTG Pactual que se preparou para aquisições, captou R$ 5 bilhões, entre 2020 e 2021, e vinha acumulando excesso de liquidez. Após a operação, o Índice de Basileia do banco deve ir para 16,5%, ou seja, mantendo folga no indicador de solvência. Em dezembro, esse índice estava em 19,4%, devido ao acúmulo de recursos que seriam usados na estratégia de expansão.

O quarto trimestre de 2020 do Pan é uma boa fotografia de como, após tudo reequilibrado e com a estrutura digitalizada, o plano é acelerar. Entre outubro e dezembro do ano passado, o banco originou R$ 10,2 bilhões em crédito — consignado, veículos e cartão. Esse total representa um crescimento de nada mais do que 50% sobre o terceiro trimestre e de 85% sobre o mesmo período de 2019.

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