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Balanços

No GPA, operação ‘família vende tudo’ reduz a alavancagem para 3x

Varejista acelerou venda de ativos e diminuiu endividamento, mas ainda teve perda de R$ 407 milhões no primeiro trimestre

Pão de Açúcar: dívida ficou R$ 2 bilhões menor
(Foto: GPA/Divulgação) (GPA/Divulgação)
Pão de Açúcar: dívida ficou R$ 2 bilhões menor (Foto: GPA/Divulgação) (GPA/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de maio de 2024 às 20:15.

Última atualização em 7 de maio de 2024 às 22:00.

Ainda no ajuste das operações, os números do GPA no primeiro trimestre do ano foram marcados pelo esforço de desalavancagem, que passou de 9,8x nos três primeiros meses de 2023 para 3x ao fim de março deste ano. A dívida bruta ficou R$ 2 bilhões menor do que um ano antes, a R$ 4,55 bilhões.

Dono do Pão de Açúcar e do Extra, o grupo fez uma limpa nos últimos tempos: vendeu imóveis, a CNova (empresa de ecommerce do Casino), a rede de supermercados colombiana Éxito e, mais recentemente, anunciou a venda de sua sede, no formato de sale and leaseback. Além de ter colocado no caixa R$ 704 milhões do follow on realizado em março. 

Ainda no horizonte para este ano está a venda dos postos de gasolina, já destacados como operações descontinuadas e “com conversas avançadas” com compradores, segundo o CEO, Marcelo Pimentel.

No primeiro trimestre, a empresa reportou um prejuízo líquido de R$ 407 milhões para suas operações continuadas (operações de varejo do Pão de Açúcar, Extra e suas bandeiras de proximidade), superando as perdas de R$ 319 milhões do mesmo período de 2023. Mas, se considerados ajustes, o prejuízo já seria menor e mostraria os avanços da arrumação da casa: R$ 197 milhões.

A última linha do resultado traz o impairment pela venda da sede, na ordem de R$ 25 milhões, e reflete a adesão ao programa de quitação de débitos de ICMS com o estado de São Paulo.

No fim de abril, a empresa renegociou R$ 3,6 bilhões de passivos tributários num acordo para pagar R$ 794 milhões ao longo de 10 anos, corrigidos pela Selic. Com provisões necessárias, os dois eventos, embora subsequentes, precisaram ser lançados ainda no primeiro trimestre.

No operacional, porém, o grupo veio com o melhor resultado de vendas em mesmas lojas até agora para os resultados do setor: um crescimento de 8,1%, ou de 5,4% quando descontado o efeito do calendário, num trimestre que juntou vendas de Carnaval e Páscoa. A receita líquida cresceu 10,3%, para R$ 4,59 bilhões (desconsiderando as operações de postos de gasolina).

A tese de apostar em um serviço de maior qualidade, com maior penetração de perecíveis e serviços de alimentação, por exemplo, tem encontrado apoio no avanço do Ebitda, que cresceu 41%, para R$ 372 milhões, com a margem aumentando 1,8 ponto percentual para 8,1% -- já dentro da faixa de guidance para o fim de 2024.

"Continuamos evoluindo na rentabilidade, com o Ebitda refletindo essa operação muito mais rentável. No horizonte de médio prazo já podemos voltar a ter resultados positivos”, diz o CFO, Rafael Russowsky, sobre a volta da companhia ao azul.

Por isso, a empresa descarta entrar numa briga por preços. Mesmo na bandeira mais popular, os mercados Extra, o esforço tem sido de aumento de oferta de serviços e ganho de rentabilidade, completa Pimentel.

“Temos visto movimento de agressividade de preços, vivenciamos aqui isso com Extra e não deu certo”, diz ele. Em 2024, bandeira vai passar por reformulações, depois dos ajustes feitos na operação de Pão de Açúcar.

“Mantivemos nosso posicionamento e ganhamos share com melhoria significativa de margem bruta e Ebitda.” Esse foi o sexto trimestre de ganho de participação de mercado, de acordo com a empresa, que também reforçou sua aposta na abertura de lojas de proximidade. No primeiro trimestre foram 9 inaugurações, sendo 7 Minuto Pão de Açúcar e 2 Mini Extra.

Há, no entanto, ainda um trabalho de convencimento do mercado sobre o sucesso do turnaround. Negociada a R$ 3,40, a ação acumula queda de 9,3% no ano.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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