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BB – Banco do Brasil

Na briga pelo cliente, digio paga 130% do CDI por dinheiro na conta

Fintech é controlada por sociedade entre Bradesco e BB e prepara lançamento de plataforma de investimentos

Dinheiro: disputa pelos cifrões dos clientes traz benefício para clientes (maxsattana/Thinkstock)
Dinheiro: disputa pelos cifrões dos clientes traz benefício para clientes (maxsattana/Thinkstock)
GV

14 de setembro de 2020 às 09:58

No tiroteio de bancos e fintechs por clientes, quem sai ganhando é o consumidor. Pelo menos, essa é a promessa. Em tempos de Selic a 2%, o crédito pessoal continua com taxas indecentes, mas na briga pelo dinheiro, a competição tem sido ferrenha e mostrado mais efeitos.

A semana passada terminou com a XP Investimentos zerando as taxas de corretagem da Rico e cortando a sua em 75% e essa começa com a iniciativa do digio (com letra minúscula mesmo), a fintech da sociedade entre os bancões mais tradicionais — Banco do Brasil e Bradesco — que quer pagar prêmio para o cliente ter conta e dinheiro nela. A bandeira, que ganhou esse nome em outubro do ano passado, fica debaixo da Elo Participações, pois começou sua operação com cartão de crédito há cerca de quatro anos.

A fintech — cuja pretensão é ser chamada de bantech, devido aos acionistas — lança nesta segunda-feira, 14, uma campanha para anunciar que qualquer quantia depositada na conta digio, entre 15 de setembro e 14 de outubro, terá rendimento de 130% do CDI, com liquidez diária. O objetivo é ter a maior taxa automática de rendimento para resgate imediato.

A iniciativa é para marcar o Dia do Cliente (sim, ele existe e é dia 15 de setembro) e faz parte da pré-campanha de divulgação da plataforma de investimentos que será oferecida em breve pelo digio – todo mundo quer uma para chamar de sua.

Atualmente, a conta digio permite depósitos, pagamentos de contas de consumo e boletos, transferências e saques digitais nas redes Banco 24 Horas via QR Code, sem necessidade do cartão físico. A conta digital foi lançada antes da pandemia e tem hoje 300 mil clientes. O banco declara ter, no total, 1,6 milhão de clientes. O bantech fechou dezembro com 2,3 bilhões de reais em ativos totais e um lucro líquido de 7,5 milhões. A meta ambiciosa é atrair 5 milhões de clientes e gerar 1 bilhão de reais em empréstimo pessoal por ano até 2023.

Os juros podem estar baixos, o que facilita a vida de quem oferece os prêmios, mas a campanha não deixa de simbolizar os novos tempos, enquanto muitos — mas muitos, mesmo — consumidores ainda pagam tarifas exorbitantes por suas contas bancárias e serviços básicos.

O digio pode ser inserido naquele contexto em que os bancos comerciais — que se tornaram verdadeiros queijos suíços — têm feito parcerias e iniciativas aqui e acolá com versões digitais e modernas, na tentativa de ter alguma arma de defesa da concorrência que se avizinha. Afinal, há anos o mercado é dominado por cinco participantes relevantes — Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander.

Quem já vive o negócio digital, acredita que a competição está só começando. Duas recentes entrevistas realizadas pelo diretor de redação da EXAME, Lucas Amorim, revelam essa aposta. Na largada, a briga das fintechs fica concentrada em pagamentos, carteiras virtuais e crédito para consumo. Mas o céu é o limite.

Após duas décadas de experiência no mercado digital, o empreendedor Andreas Blazoudakis, fundador do conglomerado de tecnologia Movile e presidente da startup Delivery Center, destacou que os planos de varejistas, financeiras e empresas de delivery sempre terminam em uma fintech. Não tem jeito. E a pandemia acelerou essa disputa. Já o empreendedor Mario Mello, da gestora de venture partner Valor Capital Group, avisou: "o Brasil terá 2.000 bancos e instituições financeiras, é melhor se acostumar". A aposta de Mello é que haverá empresas de nicho, especializadas em diversos tipos de clientes e suas necessidades específicas. O futuro está chegando cada dia mais rápido.

 

 

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