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Varejo

Moda: startup conquista marcas com sua plataforma de aluguel de roupas

O Clorent, fundado em 2018, oferece aos clientes a possibilidade de alugar mais de 3.000 peças de roupas casuais

Ana Teresa Saad e Eduarda Ferraz, fundadoras da Clorent: a empresa recebeu investimento da gestora Capital Lab em 2020 (Clorent/Divulgação)
Ana Teresa Saad e Eduarda Ferraz, fundadoras da Clorent: a empresa recebeu investimento da gestora Capital Lab em 2020 (Clorent/Divulgação)

Publicado em 20 de abril de 2021 às 16:37.

Última atualização em 28 de abril de 2021 às 07:04.

O aluguel de roupas, antes restrito ao mercado de gala, está ganhando espaço no Brasil entre as consumidoras e as grandes marcas. A startup Clorent, que aposta no conceito desde 2018, é uma das beneficiadas por esse movimento. A companhia é uma das pioneiras a explorar a revolução que está ocorrendo no mercado da moda e que tem duas palavras-chaves: recirculação e compartilhamento. Fundada pelas sócias Ana Teresa Saad e Eduarda Ferraz, a empresa paulistana conseguiu crescer 32% em 2020, mesmo com a pandemia forçando os consumidores a passar mais tempo em casa. Agora, a startup amplia seu catálogo com peças do grupo paranaense Morena Rosa, com quem fechou uma nova parceria.

Interessado pelo modelo de aluguel, o grupo de moda decidiu testar os serviços do Clorent em setembro do ano passado colocando peças antigas das marcas Lebôh e Morena Rosa. Seis meses depois, com 91% do acervo alugado, a empresa ampliou seu contrato com a startup e vai passar a disponibilizar nos próximos dias as novas coleções da Lebôh e da Iódice na plataforma.

"Está em voga o mercado de roupas de segunda mão, mas o aluguel desponta como tendência dos consumidores do futuro. Vemos as grandes marcas olhando para isso e pensando em maneiras de entrar nesse segmento”, diz Eduarda Ferraz.

O movimento da startup reflete o momento do varejo de moda brasileiro. Depois de anos na zona de conforto, as grandes empresas do setor perceberam que não podem mais ficar paradas diante de um cenário cada dia mais digital e competitivo. Só na semana passada, pelo menos três movimentações chacoalharam o mercado. Na quinta, a Hering anunciou que havia recusado uma oferta de aquisição da calçadista Arezzo. Depois, a Renner ganhou os holofotes com a informação de que estaria cogitando comprar uma grande varejista no Brasil — talvez a Marisa ou operação brasileira da C&A. Na sexta, foi revelado que o grupo Soma, dono da Farm, está em negociações para comprar uma outra marca de moda, a Shoulder.

Nesse contexto, as tendências de recirculação e compartilhamento são uma espécie de contraponto sustentável aos hábitos consumistas que normalmente estão relacionados à moda.

Mas talvez seja o marketplace de usados Enjoei o maior expoente dessa nova fase da moda brasileira. Refletindo a maior preocupação dos consumidores com o impacto da cadeia da moda no meio ambiente, a empresa estreou na B3 em novembro do ano passado avaliada em R$ 2 bilhões, jogando luz sobre a discussão de economia circular. Outras competidoras, a startup Repassa, aproveitaram o bom momento para captar investimentos no mercado e fechar parceria com grandes marcas, como a Renner.

O que a Clorent quer é aproveitar essa nova onda para tornar o aluguel de peças algo corriqueiro. Apoiando a empresa está a gestora Capital Lab, que investe na startup desde o começo de 2020. "O Enjoei tem um papel forte nesse mercado de second hand, mas acreditávamos que faltava alguém no Brasil que trouxesse o aluguel de peças casuais, por isso apostamos no time da Clorent", diz Victoria Scotoni, sócia da Capital Lab.

Vanessa Viana e Victoria Scotoni, sócias da Capital Lab: gestora aposta que o aluguel de roupas será a nova moda da economia circular (Capital Lab/Arte EXAME)

A startup oferece aos clientes duas opções: uma assinatura fixa, que varia de R$ 189 a R$ 549, ou o aluguel avulso das peças por um período pré-determinado. Em média, por mês, são alugadas aproximadamente 400 peças. Apesar de ter começado como um marketplace em que qualquer pessoa poderia colocar suas roupas para aluguel, hoje o Clorent trabalha com um catálogo próprio de mais de 3.000 peças escolhidas pelas próprias fundadoras e também com os closets de 11 marcas parceiras. O serviço de aluguel, que inclui a logística de entrega e retirada das peças nas casas dos clientes, só está disponível na grande São Paulo, mas deve ser expandido para outros estados do país ao longo do ano.

A projeção das fundadoras, agora com a entrada de grandes marcas parceiras, é terminar 2021 com um crescimento de 120% em relação a 2020. “Ano passado seguramos os investimentos em marketing e focamos em aprimorar nossa tecnologia. Agora, estamos prontos para oferecer e operacionalizar o serviço de aluguel de roupas para qualquer marca, seja na nossa plataforma ou em um formato white label”, diz Ana Teresa Saad.

Para a Capital Lab, a decisão da empresa de expandir seu modelo para incluir as grandes marcas é acertada, especialmente em um momento em que o varejo está se adaptando aos novos hábitos dos consumidores na pandemia. “As grandes marcas estão com problema de ciclo de estoque, não sabem o que fazer com as peças de coleções passadas que não foram vendidas. Com esse modelo plug and play da Clorent, elas conseguem girar o estoque sem precisar queimar o valor da peça com promoções”, diz Vanessa Viana, sócia da gestora. A longo prazo, as fundadoras e investidoras veem possibilidades das parcerias se expandirem, com a startup sendo fonte de dados para as marcas sobre as tendências de consumo do momento.

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