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Méliuz alcança máxima histórica a R$ 4,5 bi após compra da Acesso

Os investidores receberam tão bem o mais novo movimento da Meliuz que atribuíram um valor à Acesso 30% maior do que o da própria aquisição

CI

4 de maio de 2021 às 06:34

A Méliuz deu mais um passo dentro do seu plano de plugar mais serviços financeiros à sua plataforma de cashback. Nesta segunda-feira, 5, a companhia anunciou a aquisição do Grupo Acesso, fintech especializada em soluções de pagamento e infraestrutura financeira. Os investidores receberam tão bem o mais novo movimento que atribuíram um valor à Acesso 30% maior do que o da própria aquisição. A Méliuz pagou R$ 324 milhões pela fintech por meio de uma troca de ações. Na bolsa, a companhia ganhou R$ 429 milhões em valor de mercado e terminou o dia avaliada em R$ 4,5 bilhões, o triplo do valor do seu IPO, feito em novembro. Os papéis tiveram alta de 10,38% no pregão de ontem e fecharam em R$ 36,49 — o maior preço de fechamento desde a oferta inicial, quando a ação foi avaliada a R$ 10.

Para a Méliuz, a aquisição é significativa não pelo potencial imediato de geração de receita, mas principalmente por permitir que a companhia mantenha em seu ecossistema os mais de R$ 5 milhões que paga por mês aos seus 16 milhões de clientes por meio das operações de cashback. Ao oferecer uma conta digital, Pix e cartões de débito e crédito, ela garante uma infraestrutura financeira mínima para que os clientes não precisem levar o dinheiro para outro banco. A aposta é que, no futuro, eles passem a movimentar boa parte de suas transações financeiras usando os produtos da empresa.

O trunfo para que o plano dê certo, segundo o fundador e presidente Israel Salmen, é o alto nível de engajamento dos clientes com a Méliuz. Como oferece dinheiro de volta em compras feitas em sites de varejistas como Magazine Luiza, Adidas e Submarino, os usuários utilizam a plataforma da companhia várias vezes ao longo do ano. Esse relacionamento mais estreito com a marca facilita a adoção de novos produtos. O cartão de crédito da Méliuz, por exemplo, lançado em 2019 em parceria com o banco Pan, é usado por cerca de 800.000 clientes e recebeu cerca de 1,5 milhão de novas solicitações no último trimestre.

O desafio para a companhia será mostrar que consegue trazer diferencial em um segmento em que não param de pipocar concorrentes bastante capitalizados, como o Banco Inter e o Banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). "Em meio a um mercado tão competitivo, queremos mostrar que as experiências das wallets e dos bancos digitais ainda podem melhorar muito. Queremos construir um aplicativo que seja fácil e barato de usar não só pelos nativos digitais, mas pela população em geral", diz Salmen ao EXAME IN.

O Grupo Acesso se encaixa nesse objetivo. Fundada em 2013, a companhia começou suas operações oferecendo cartões pré-pagos e pouco a pouco expandiu sua atuação para outros produtos financeiros. Hoje, o grupo é dono de um banco digital para pessoas físicas e oferece também os seus serviços de cartões recarregáveis e de infraestrutura financeira para outras empresas do setor, em modelo batizado recentemente de bank as a service. No total, 5 milhões de pessoas usam a plataforma da fintech, que transacionou R$ 1,3 bilhão em março.

Quando a aquisição for concluída, os clientes do Banco Acesso vão migrar para a nova plataforma da Méliuz e a marca deixará de existir — será mantida de forma independente somente a operação do Bankly, braço de prestação de serviços de infraestrutura do grupo. Davi Holanda, que preside a fintech, passará a comandar a nova área de serviços financeiros da Méliuz. “Estamos ansiosos para colocar a mão na massa, fazer a integração e começar a gerar valor para o cliente Méliuz”, diz o executivo.

A aquisição é a segunda feita pela empresa em sua história — em fevereiro, ela comprou o controle da plataforma de cupons Picodi.com, que reúne 12.000 lojas e atua em 44 países, por R$ 120 milhões — mas não deve ser a última. Segundo Salmen, a companhia está analisando cerca de 30 outros negócios em busca de bons empreendedores para desenvolver novos produtos de tecnologia. “Queremos tornar nosso marketplace mais interessante, mas também investir na parte de serviços financeiros. Com a chegada do Davi, vamos ter mais conhecimento para escolher as boas ofertas”, diz Salmen.

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