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Mais McDonald’s, menos BK: Goldman rebaixa Zamp para venda

Vendas no negativo, dificuldade de precificação e redução de abertura de lojas são alguns dos desafios da dona da Burger King na disputa com concorrente

 (Leandro Fonseca/Exame)
(Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

16 de fevereiro de 2024 às 16:29

O Goldman Sachs rebaixou a ação da Zamp, operadora do Burger King e do Popeye’s no Brasil, para venda, mesmo com a ação perto da mínima histórica. A ação despencava 14,50% às 15h30 desta sexta-feira, 16. A empresa vive uma um momento “desafiador” – nas palavras do banco – para voltar à lucratividade.  

A equipe do banco americano destaca que a Arcos Dorados, responsável pela operação do McDonald’s no Brasil e em outros mercados da América do Sul, tem superado a Zamp trimestre após trimestre, sem uma perspectiva de mudança desse cenário no curto prazo.  

A dona do Big Mac vive seu melhor momento desde 2017, dizem os analistas do banco, destacando a abertura de lojas em ritmo intenso, na contramão da Zamp, que decidiu desacelerar as aberturas num esforço de redução de custos.  

“O poder de precificação e a expansão de lojas são os dois fatores mais importantes para a criação de valor a longo prazo no setor de redes fast-food no Brasil, na nossa visão, e enxergamos um cenário desafiador para a Zamp em ambos os aspectos”, argumentam. A recomendação foi de neutro para venda e o preço-alvo de R$ 5,70 foi cortado em 30%, para R$ 4. 

As ações da Zamp são negociadas a 6,1 vezes a previsão de Ebitda da equipe do banco para os próximos 12 meses, um desconto de 31% em relação à sua média histórica. “Mas ainda com um prêmio de 3% em relação à Arcos”, afirmam os analistas.  

No acumulado do ano, a Arcos superou o crescimento de vendas em mesmas lojas (aquelas com um ano ou mais de operação) do Burger King no Brasil em 9,27 pontos percentuais. E o banco acredita que essa diferença vai continuar a se ampliar no quarto trimestre de 2023, quando a Arcos já registrou um crescimento 6,2% ao ano. Os analistas do Goldman preveem que o Burger King entre em território negativo com 1,5% ao ano.  

“Os aumentos de preço agressivos da Zamp no primeiro semestre de 2023 aparentemente continuam a colocá-la em uma posição desafiadora para competir por participação de mercado, e com seu portfólio ainda precificado em uma média de 13% acima da Arcos, continuamos a observar alguns desalinhamentos a serem corrigidos no quarto trimestre de 2023 e no primeiro trimestre de 2024”, escrevem os analistas.  

Além disso, reforçam, a estratégia da Arcos tem sido assertiva em mix de preços e se alia a uma marca mais forte e ao portfólio de lojas free-standing (como são chamadas as lojas de rua com presença de pista drive-thru) 2,8 vezes maior que o da Zamp. “É uma posição confortável para continuar a ganhar participação de tráfego de consumidores no primeiro semestre de 2024”, dizem os analistas. 

No último ano, as ações da Zamp viveram forte oscilação, acumulando uma perda de pouco mais de 18% no período, em meio a mudanças de composição acionária e ascensão do fundo árabe Mubadala como principal investidor no negócio.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado