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IMC vende operação no Panamá por US$ 40 mi para simplificar negócio

Plano do CEO é deixar empresa mais leve, inclusive nas dívidas, para expansão no Brasil

Frango Assado: IMC, também dona das operações de Pizza Hut e KFC no Brasil, sai do Panamá e pode sair da Colômbia
Frango Assado: IMC, também dona das operações de Pizza Hut e KFC no Brasil, sai do Panamá e pode sair da Colômbia
GV

19 de setembro de 2022 às 09:03

A International Meal Company (IMC), dona das marcas Frango Assado, Pizza Hut e KFC no Brasil, acaba de cumprir um passo relevante na execução da estratégia definida após a companhia ganhar um acionista de referência, a Faro Capital, e trocar a administração. A empresa assinou no fim da semana passada a venda da operação no aeroporto do Panamá por US$ 40 milhões, pouco menos de R$ 210 milhões ao câmbio atual.

“Eu vim com foco muito claro do que tinha que fazer: a transformação da IMC. A primeira grande bandeira era eficiência, retomar vendas e rentabilidade, no pós-pandemia. Concentrei muito os primeiros esforços e mudei o time de gestão. Ao mesmo tempo, era preciso cuidar da disciplina financeira e de simplificar a operação”, afirma o CEO, Alexandre Santoro, que chegou em março de 2021 e deu poucas entrevistas desde então.

Para se ter uma ideia da relevância da transação, o valor da venda equivale a quase 40% do valor de mercado da IMC na bolsa brasileira, avaliada por R$ 556 milhões no fechamento do pregão de sexta-feira.

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Santoro conta que, desde sua chegada, ouve de investidores e credores que o plano para colocar a empresa no trilho — eficiência, disciplina financeira e menor complexidade — faz muito sentido. Mas todos queriam ver execução. Daí a importância do negócio. Ele demonstra que a companhia está na rota traçada e que os próximos passos, melhoria das condições do passivo, com alongamento da dívida, e retomada dos planos de expansão, logo terão sua vez.

“A IMC foi fundada em 2006 e tinha uma tese muito clara de consolidação desse setor tão pulverizado que é o de alimentação fora de casa. Mas, no caminho, foram feitas aquisições que não trazem sinergias”, relembra o executivo. A operação panamenha estava nesse caso. Apesar de ser rentável, a companhia não vê uma escalabilidade muito grande, nem sentido em uma alocação de capital maior naquele país.

Para além do Panamá, a IMC ainda tem atividade nos Estados Unidos, com as bandeiras MargaritaVille e Land Shark, que é relevante no todo e segue em expansão, com um Ebitda anual da ordem de US$ 20 milhões. "Aqui há mais um sinal da distorção do valor na soma das partes. Só esse negócio, a depender do múltiplo aplicado, vale mais que toda a IMC na B3 hoje", destaca Santoro. E há ainda uma presença bem menor na Colômbia, que é mais uma operação candidata a ser vendida no processo de simplificação. "É preciso que haja uma boa oportunidade", explica o executivo.

Sobre a atividade em solo americano, Santoro diz que o plano é que o Brasil cresça e se torne cada vez mais importante, mas que, por enquanto, os Estados Unidos ainda devem seguir no portfólio por mais um tempo. O varejo de alimentos naquele país está longe de ser um mistério para o CEO. Antes de assumir a IMC, ele esteve à frente da Popeye’s, detida pelo grupo RBI, um investimento do trio da 3G Capital. A Faro Capital é uma gestora de recursos de patrimônio familiar e quem conduz a operação é Lucas Rodas, um dos fundadores da Sagatiba, e genro de Carlos Alberto Sicupira.

No segundo trimestre de 2022, a receita líquida da IMC somou R$ 621 milhões, 40% mais do que igual período do ano passado. Além disso, o montante é quase 20% superior ao mesmo intervalo pré-pandemia. O Ebitda recorrente de abril a junho totalizou cerca de R$ 80 milhões, 74% maior na comparação anual. Nos primeiros seis meses deste ano, o fluxo de caixa livre, após investimentos, passou dos R$ 65 milhões, ou seja, foi 475% maior do que de janeiro a junho de 2021, quando a pandemia ainda estava restringindo a circulação de pessoas e o funcionamento de diversos estabelecimentos.

Nesse momento, devido ao cenário de taxa de juros elevada, carregar a dívida está caro e consome recursos. Por isso, reduzir os compromissos é algo que Santoro considera foco do curto prazo. A IMC terminou junho com dívida líquida de R$ 298 milhões, quase o dobro da posição em dezembro passado, mas com a relação de alavancagem sobre Ebitda dentro dos limites estabelecidos pelos credores. O indicador fechou o trimestre em 2,7 vezes e o teto é 3,0 vezes.

O pagamento do serviço da dívida subiu quase 190% na comparação anual e custou mais de R$ 38 milhões no segundo trimestre. Essa linha contém uma boa parte da explicação para a empresa ter registrado prejuízo no período, de R$ 4,7 milhões. Como está arrumando a casa, existem também projetos estratégicos em andamento que também levaram a um aumento temporário das despesas, de R$ 155 milhões para R$ 200 milhões, na comparação trimestral de ano contra ano.

Boa parte das dívidas da IMC estão concentradas em debêntures. A companhia já convocou os debenturistas para que possam aprovar: a transação do Panamá, um limite maior para venda de ativos sem dependência de novo aval e, ao mesmo tempo, pré-pagamento de parte dos compromissos. A ideia é que fique estabelecido um percentual que será reservado aos credores do que for obtido com as alienações de ativos. Antes de vender a operação no Panamá, a empresa havia se desfeito de um pequeno negócio naquele país, a rede Carl’s Jr.

Com uma companhia menos complexa de ser gerida, mais leve, e com alavancagem menor, a ideia é colocar em marcha um crescimento mais acelerado no Brasil. Santoro, contudo, explica que novas aquisições não estão no radar. “Temos bastante trabalho para fazer dentro das nossas bandeiras atuais.”

Ele destaca que a rede Frango Assado, atualmente com 26 lojas, tem um potencial já mapeado que podem levá-la a triplicar de tamanho. Além disso, vê espaço para expansão da Pizza Hut, hoje com 250 unidades operadas, e da KFC, que possui 130 lojas. “Tem concorrentes nossos com 800 a 1.000 lojas”, cita, para dar um parâmetro das oportunidades.

 

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