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Há vida lá fora: fundos compram R$ 4,5 bi e empresas testam ofertas na B3

Depois de vender posições em abril, investidores institucionais voltam a comprar em maio e mercado de ofertas começa a esquentar

GV

28 de maio de 2020 às 15:48

Um dos sinais clássicos de possível recuperação de mercados em tempos de crise é o interesse dos investidores institucionais. Depois de terem feito poucas compras em março, terem vendido em abril, os tradicionais gestores de recursos, nas suas mais diversas modalidades, voltaram às compras em maio. Até dia 26, investiram, em termos líquidos, 4,4 bilhões de reais no mercado, de acordo com dados da B3 do acumulado do mês.

O volume ainda é tímido, mas o sinal é o que importa. São eles que fazem a mágica acontecer, na ativação das ofertas de mercado — muito mais que a pessoa física diretamente, grande compradora até o momento.

As companhias não perderam tempo. A Centauro já colocou na rua uma operação para levantar cerca de 900 milhões de reais — a precificação é no dia 4 — e a Via Varejo está em vias de anunciar uma captação em torno de 2 bilhões de reais.

A companhia de soluções de resíduos Ambipar, do empresário Tércio Borlenghi Júnior, já pegou lugar na fila para os IPOs: retomou o processo que estava parado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A operação ainda está sendo estruturada. Até o momento, a única abertura de capital da crise foi da Estapar, que contou com a compra de 40% do volume pelo controlador André Esteves.

Pedro Rudge, sócio da Leblo Equities, disse que é sensível a retomada do fluxo. “Nessa crise, não tem fuga para renda fixa. Nem tem onde recuperar as quedas da pandemia em outros ativos, além da renda variável.” Dessa forma, explicou porque grandes bolsos, como os fundos de pensão, voltaram a direcionar recursos para ações, abrindo espaço para as ofertas das companhias.

No cenário atual, de taxa de juros a 3% ao ano e queda nas cotações da bolsa, os dividendos pagos pelas empresas vão oferecer retorno maior que a Selic para o investidor, em muitos casos, apontou Rudge. A beleza disso, segundo ele, é que o dinheiro vai fluir para economia real, para as companhias saírem fortalecidas e investirem.

Pelos dados da B3, as pessoas físicas parecem ter usado maio para digerir as fortes compras de março e abril, num total de quase 25 bilhões de reais. Até o momento, o saldo líquido de aplicação no mês está 1,2 bilhão de reais positivo.

O estrangeiro é a única constante: segue vendendo. No mês, já se foram outros 6,5 bilhões de reais, elevando a retirada do ano para nada menos do que 65 bilhões de reais, já descontadas as participações em ofertas de ações. “Os dados não surpreendem. A forte depreciação do real e todo ruído e instabilidade no cenário político afastam o investidor internacional. O estrangeiro não entende a situação e nem quer. Só vê o país parado e o risco cambial”, comentou Rudge.

Na avaliação do sócio da Leblon Equities, a questão política deve ser o grande fomentador da volatilidade do mercado local, mais até do que a própria pandemia, ao longo dos próximos meses. “A crise da covid, nós sabemos que um dia acaba.”

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