Exclusivo: Fundo chega a mais de 5% na Oi e busca voz ativa na reestruturação
Veículos geridos pela Trustee têm cotistas sob sigilo; fontes de mercado e da empresa dizem se tratar de Nelson Tanure
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 21 de fevereiro de 2024 às 13:09.
Última atualização em 21 de fevereiro de 2024 às 13:15.
No que pode ser uma reviravolta no plano de recuperação judicial da Oi, um fundo gerido pela Trustee montou uma posição de 5,14% na companhia e acaba de informá-la que pretende ter voz ativa, com intervenção na administração e nas negociações com autoridades e credores, segundo documento obtido com exclusividade pelo INSIGHT.
A Oi deve soltar comunicado em breve sobre a participação.
No mercado, especula-se que se trata de um veículo de investimento de Nelson Tanure. Um fundo chamado “Nova Oi”, gerido pela Trustee, foi constituído em janeiro e tem apenas dois cotistas, cujos nomes não são revelados.
O novo acionista chega num momento em que a Oi está avançando com os credores para aprovar seu plano de seu segundo plano de recuperação judicial. Após longas costuras, a companhia apresentou um novo plano de recuperação no último dia 6. Uma assembleia está marcada para 5 de março, com segunda convocação prevista para o dia 11.
Nos bastidores da Oi, a leitura é que o novo acionista pode pedir o adiamento ou a suspensão da assembleia para tentar implementar sua estratégia. “Sem isso, não haveria tempo para nada do que ele possa tentar, mesmo convocar uma AGE para mudar o conselho”, pondera uma fonte próxima à companhia.
Nos últimos dias, já havia especulações do mercado sobre o movimento. Nas últimas semanas, desde a apresentação do plano, houve um forte movimento comprador de ações da Oi, que a levou a uma alta de 120% na Bolsa em pouco mais de 15 dias.
As compras foram feitas por meio de diversas corretoras, mas a maior parte delas fez compras e vendas. Apenas o Banco Master – que já fez outros investimentos com Tanure – ficou líquido na ponta compradora, de acordo com operadores.
Segundo o documento enviado pela Trustee à Oi, o investimento é minoritário e “tem a intenção de contribuir junto a empresa, autoridades, reguladores, poder judiciário do Rio de Janeiro, credores e a estrutura administrativa da empresa, em uma ampla solução para o soerguimento dessa relevante instituição de serviço público em todo o território nacional”.
A gestora destacou ainda que “tem a intenção de contribuir para a melhoria na estrutura administrativa da companhia”.
Se confirmada, essa não seria a primeira investida de Tanure num processo de recuperação judicial. Ele se tornou um dos principais acionistas da Light e vem tentando costurar um plano em paralelo com a renovação das concessões da distribuidora junto à Aneel. Tanure é proximo de Hélio Costa, ex-ministro das comunicações do primeiro governo Lula e com trânsito em Brasília, que é chairman da Light e também está no conselho da Petro Rio.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.