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Dinie: do Scale-up da Endeavor a US$ 3,8 milhões com Accion Venture e K50

Fintech de crédito rotativo em plataformas digitais também fecha estrutura de portfólio com Empírica Investimentos

Andrea Burattini e Suzy Ferreira, co-fundadoras da Dinie, pretendem beneficiar 15 mil micro, pequenas e médias empresas (Divulgação/Divulgação)
Andrea Burattini e Suzy Ferreira, co-fundadoras da Dinie, pretendem beneficiar 15 mil micro, pequenas e médias empresas (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 14 de julho de 2021 às 08:00.

Última atualização em 14 de julho de 2021 às 09:39.

A memória é base do sentimento de identidade, orienta decisões e, com frequência, histórias de vida. Nada mais verdadeiro para Suzy Ferreira. Uma crise financeira, resultado do impacto da cobrança de juros abusivos, levou sua família de pequenos empreendedores de Iturama, Minas Gerais, à falência e forjou na menina de oito anos uma determinação precoce em aprender a lidar com crédito.

Instrumento utilizado pela família para se restabelecer, o crédito também garantiu o pagamento de parte do mestrado na Inglaterra e transformou em empresária de sucesso a advogada com pós-graduação em Direito Internacional Financeiro e Bancário pela UCL Londres. Ela aposta no “banco invisível” – a fintech Dinie criada simultaneamente na Europa e América Latina – que oferece crédito instantâneo integrado às plataformas digitais onde os tomadores negociam os seus produtos.

A Dinie, que Suzy colocou de pé com a co-fundadora Andrea Burattini em novembro de 2019 e tem com o também co-fundador Vinicius Cibim o seu comando completo, anuncia nesta quarta-feira a captação de US$ 3,8 milhões, cerca de R$ 20 milhões. Os recursos devem beneficiar mais de 15 mil micro, pequenas e médias empresas brasileiras nos próximos 18 meses. A rodada de investimento é co-liderada pelo Accion Venture Lab e K50 Ventures com a participação da Domo Investimentos, Flourish Ventures, Tribe Capital, Scale-up Ventures, Capital Lab e Latitud, entre outros.

Com essa rodada, o total de investimento na empresa sobe a cerca de US$ 5 milhões. A Dinie concluiu também uma estrutura de financiamento de portfólio de crédito com a Empírica Investimentos, gestora de crédito privado com R$ 4,2 bilhões sob gestão, e que confere à fintech capacidade de originar volume de até R$ 100 milhões em crédito rotativo.

Criada meses antes da pandemia de Covid-19, a Dinie concedeu, em menos de 18 meses, 1.500 empréstimos. O crescimento de 20 vezes no primeiro ano de atividade rendeu sua seleção para o Scale-up Fintech, programa de aceleração da Endeavor Brasil, também investidora na atual rodada de investimento.

Em entrevista ao EXAME IN, Ferreira diz que, no início da pandemia, os investidores estavam cautelosos, mas a proposta da Conta de Crédito – com limite rotativo – ganhou força por assegurar liquidez às micro, pequenas e médias empresas.

"Capital on-demand, liquidez acessível pelo celular, quando a empresa precisa, onde ela precisa, é nosso princípio”, diz. “Fazer um investimento de curto prazo ou pagar uma conta, já direto do nosso aplicativo, se mostrou importante solução. E nosso time decidiu que, em vez de esperar a economia estabilizar, iríamos acelerar o crescimento e atender o maior número possível de empresas. Rapidamente ajustamos o produto com limites menores e termos de pagamento mais curtos, para que pudéssemos atender mais empresas e diminuir o risco de inadimplência. Como não tínhamos um portfólio legado com o qual nos preocupar, nosso foco se tornou 100% aquisição, teste e interação de produto", explica Ferreira, CEO da Dinie.

Embora focada nos pequenos empreendedores, a fintech germânico-brasileira faz parcerias com plataformas online de renome, incluindo empresas de mercados de comércio eletrônico e provedores de pagamento, como as firmadas com iFood by Movile, Elo7 e o unicórnio uruguaio de meios de pagamento dLocal. Nessas parcerias, a Dinie disponibiliza a Conta de Crédito como cartão de crédito rotativo de meios de pagameno diretamente na conta digital de pagamentos, utilizada para transferências, pagamento de boletos ou compras online.

“Pré-aprovamos limites rotativos de até R$ 100.000 para empresas que estão vendendo ou comprando em plataformas digitais. O ticket médio é de R$ 15.000. Como o limite volta novamente para a Conta assim que cada parcela é paga, dentro de um ano essa empresa toma um múltiplo bem maior do que o ticket médio. Temos observado taxas de utilização e elevado retorno às contas, indicando alto engajamento”, informa Ferreira.

A CEO acrescenta que, desde o início da pandemia, os juros cobrados aos tomadores subiram para algo entre 3,5% a 5,5% ao mês, dependendo do perfil da empresa. “Quando comparado aos produtos substitutos, cartão de crédito e cheque especial, as empresas que usam o Limite Dinie têm importante economia, principalmente quando se leva em conta as taxas extras abusivas e o efeito bola de neve desses produtos tradicionais”, diz a empresária que iniciou sua carreira em 2008, na Inglaterra, como estagiária no departamento de Produtos de Crédito Estruturados e Securitizações do Santander UK. Suzy Ferreira tornou-se empreendedora em tecnologia de educação e especializou-se em meios de pagamento.

Vinicius Cibim, também co-fundador da Dinie e CFO, essa rodada da investimento mostrou que a fintech está no caminho certo e “nos deu confiança para continuar melhorando nossas soluções integradas em grandes ecossistemas digitais”.

“Crédito acessível é essencial para as pequenas empresas se recuperarem da pandemia COVID-19, especialmente nos países mais afetados como o Brasil. Dinie está incorporando ofertas de crédito em plataformas que os proprietários de pequenas empresas já usam, para lhes fornecer o financiamento de que precisam para manter as portas abertas e sustentar suas famílias ”, avalia Michael Schlein, presidente e CEO da Accion.

Frederico Gomez Romero, diretor de Investimentos na América Latina do Accion Venture Lab, pondera que o modelo de negócios da Dinie é emblemático como financiamento integrado de forma escalável, segura e econômica de emprestar para pequenas empresas carentes de capital. Já Ryan Bloomer, fundador e sócio-gerente da K50Ventures, afirma que a Dinie é o único agente financeiro integrado de ponta a ponta totalmente digital – “embedded”.

Além da Endeavor Brasil, que reúne referências do mundo dos negócios como Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Fábio Colletti Barbosa, a Dinie é apoiada por duas entidades internacionais de peso para o empreendorismo: Accion Venture Lab e K50 Ventures. O Accion Venture – organização global sem fins lucrativos – defende a inclusão financeira e investe há 60 anos com mais de 160 parceiros em 55 países. A K50 apoia como investidora, desde 2016, mais de 150 empresas nos Estados Unidos e mercados emergentes.

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