Logo Exame.com
Varejo

Carrefour reverte prejuízo no 1º tri e aposta em varejo com cara de Atacadão

Grupo adota estratégia mais agressiva de preços nos supermercados e hipermercados de olho em ganho de volume

Carrefour: preços mais baixos no varejo para ganhar volume de vendas (Germano Lüders/Exame)
Carrefour: preços mais baixos no varejo para ganhar volume de vendas (Germano Lüders/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de maio de 2024 às 20:00.

Última atualização em 7 de maio de 2024 às 21:57.

No Carrefour Brasil até mesmo o varejo está com cara de atacado. Na busca por dar gás às operações de seus supermercados, o grupo adotou uma postura mais agressiva de preços em todas suas lojas enquanto testa em uma de suas unidades a venda de alguns produtos com o preço de sua bandeira Atacadão em determinados volumes.

“O mercado mudou, hoje o hipermercado tem mais preços de atacarejo e o atacarejo tem mais serviços. Estamos pilotando uma loja para ver como o cliente vai responder a essa proposta”, explica Stephane Maquaire, CEO do Carrefour Brasil.

A operação de varejo foi a principal detratora do negócio no primeiro trimestre, quando a varejista finalmente voltou ao azul. Reverteu o prejuízo de R$ 375 milhões reportado um ano antes para um lucro líquido de R$ 37 milhões. Considerando ajustes, o lucro líquido somou R$ 52 milhões, refletindo recuperação no atacarejo e boa performance do Banco Carrefour: aumento de 12% da receita e queda na inadimplência, tanto acima de 30 dias quanto acima de 90 dias.

“Observamos um retorno da inflação alimentar para patamares positivos e vemos reflexos positivos em preços e volume. Todos nossos negócios têm melhoria sequencial”, afirma o CEO. As vendas, cujos números prévios foram divulgados ainda em abril, cresceram 2,5%, com um aumento de receita líquida de 1,8%, para R$ 24,83 bilhões.

Os números ainda são fracos, se considerados os principais concorrentes. O Atacadão, que voltou a ter melhor desempenho, reportou aumento de 6,6% nas vendas, ou de 1,8% quando consideradas as mesmas lojas – patamar inferior ao crescimento de 3,4% do Assaí, por exemplo. Ainda assim, a melhora é representativa. A bandeira, que representa 69% das vendas do grupo, viu sua margem melhorar e chegar a 6,6%.

Já o Sam’s Club, que veio com a aquisição do BIG, tem sido a principal alavanca de crescimento, com aumento de 21,5% nas vendas em mesmas lojas. Juntas, as duas bandeiras têm centralizado a estratégia da empresa, com conversões de hipermercados em lojas Atacadão e Sam’s. No primeiro trimestre, a empresa já converteu 5 lojas e outras 9 já estão em conversão -- a meta para o ano é de 20 lojas convertidas.

Vem, em grande parte, daí os ganhos de sinergia pós-aquisição do BIG. Projetada em R$ 2 bilhões no total, a meta está prestes a ser alcançada, explica o CFO, Eric Alencar. No trimestre, R$ 499 milhões de sinergias foram alcançadas, o que se reflete, diz o executivo, na melhora de Ebitda, cujo crescimento foi de 36,6%, para R$ 1,42 bilhão. De acordo com ele, o alvo de R$ 2 bilhões de sinergia deve ser superado em breve. “As oportunidades de sinergia não estão em sua maturidade ainda, seja em custo ou nas conversões de lojas.”

Ainda assim, a operação de varejo do grupo ainda patina. Embora reporte melhora sequencial, as vendas caíram 10,7%, pela redução no número de lojas, mas também pela queda de 1,5% em mesmas unidades. Por isso a aposta em operar com preços mais agressivos enquanto o poder de compra dos consumidores está mais limitado, explicam CEO e CFO.

Embora a estratégia tenha impacto de margem bruta, a empresa está confiante de que o aumento de volume de vendas deva anular esse efeito. Embora esteja operando em patamares mais promocionais, a empresa diz que o esforço do lado de compra de suprimentos com poder de negociação está mais intenso e se beneficia da integração dos negócios após aquisição do BIG, já que as áreas de negociação até então “eram muito separadas”.

O balanço também traz outro destaque nas entrelinhas: a redução do custo de dívida da empresa, vinda da negociação de linhas de crédito de cerca de R$ 8 bilhões com a matriz, só passará a ser capturada a partir do segundo trimestre. Com a negociação, o custo da dívida intercompany passa a se aproximar das captações em mercado, hoje no patamar médio de CDI +1%. Esse novo custo médio deve trazer uma economia de R$ 80 milhões por trimestre, pelos cálculos da companhia.

De acordo com Maquaire, o Rio Grande do Sul representa cerca de 5% das vendas da empresa. A companhia decidiu congelar preços em todas as lojas que opera no estado, devastado pelas chuvas dos últimos dias. Por lá, o Carrefour tem seis lojas fechadas, sendo cinco delas Atacadão e um hipermercado. Segundo o CFO, Eric Alencar, não há “materialidade financeira” pelas lojas afetadas.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

Inter tem lucro e margem financeira recordes; ROE chega a 12%

Inter tem lucro e margem financeira recordes; ROE chega a 12%