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Privatização

BREAKING: Aegea fica de fora e só Equatorial apresenta proposta por Sabesp

Cláusulas de não competição, poison pill e direito de segundo colocado cobrir oferta afastaram a empresa; estatal de saneamento vai a mercado com proposta única pela fatia prioritária de 15%

Sabesp: Contrariando expectativa de competição acirrada, fatia de referência atrai apenas um interessado ( Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Sabesp: Contrariando expectativa de competição acirrada, fatia de referência atrai apenas um interessado ( Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 26 de junho de 2024 às 19:48.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 20:02.

Numa reviravolta surpreendente, a Aegea desistiu de apresentar oferta para ser acionista da referência da Sabesp. A Equatorial foi a única a colocar uma proposta para levar a fatia de 15% que vai ficar amarrada num acordo de acionistas de cinco anos com o Estado, que lhe dá o direito de indicar CEO e chairman da companhia.

A informação foi antecipada pela Bloomberg e confirmada pelo INSIGHT com duas fontes próximas ao processo.

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A Aegea era uma das investidoras mais ativas nas conversas com reguladores e bancos coordenadores e vinha um longo processo de apresentação a investidores de mercado, para se apresentar como uma boa operadora capaz de levar a Sabesp privatizada a um novo patamar de eficiência.

Na mecânica de privatização da empresa de saneamento, era o mercado quem escolheria o acionista de referência que considerava melhor no processo. As duas melhores ofertas passariam para a segunda fase, e ganharia aquela que tivesse o melhor preço, determinado pela melhor demanda dos investidores na Bolsa. O fiel da balança seria o preço médio entre a proposta do investidor de referência e o preço amealhado na segunda etapa.

Uma cláusula de 'poison pill', que determina que o investidor que superar os 30% de participação tem que fazer uma oferta por toda a companhia, foi o principal fator a afastar a Aegea do processo. Na prática, ela engessa os acionistas que fariam parte do consórcio, principalmente o GIC, que tem pouco mais de 15% da companhia, e também tem um braço de public equities, que compra ações direto em bolsa, e não poderia investir nos papéis da Sabesp. Os braços de private e public equities operam de maneira separada.

A inclusão de uma cláusula de "right to match", que permitia que o investidor que conseguisse o melhor preço na segunda etapa pudesse aumentar sua oferta inicial, também não agradou a companhia. A percepção é que ela favoreceria a Equatorial, que é listada e já é mais conhecida pelo mercado. Outra questão foram as cláusulas de non-compete. A Aegea é a maior empresa privada de saneamento do país, com um pipeline agressivo de expansão, enquanto a Equatorial tem apenas uma concessão pequena no Amapá.

"Falta entender se a Equatorial já suspeitava que a Aegea ficaria de fora, e botou isso no preço", afirma um gestor que vem acompanhando o processo.

"A Equatorial já sabia que tinha o direito para o 'right to match', então, tinha um incentivo para colocar uma oferta menos agressiva", pondera outro investidor.

A oferta, que prometia ser uma competição entre dois investidores, agora vai se tornar um jogo de mostrar o potencial da Sabesp sob o novo modelo regulatório, que incentiva a captura de eficiências, e sob nova direção.

O governo do Estado já está em road show com investidores nos Estados Unidos, e parte para a Europa na próxima semana. A Equatorial deve começar seu roadshow na próxima segunda.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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