Logo Exame.com
Empresas

BofA eleva Marfrig para ‘compra’ por desconto em relação a BRF

Ações não refletem venda de ativos para Minerva, diz banco; ações lideram altas do Ibovespa  

 (Marfrig/Divulgação)
(Marfrig/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

11 de dezembro de 2023 às 17:18

O Bank of America elevou a recomendação para as ações da Marfrig de ‘neutra’ para ‘compra’ e subiu o preço-alvo de R$ 8,5 para R$ 13 ao fim de 2024, alegando que a relação entre risco e retorno da companhia está mais favorável.

 No centro da tese do banco está o fato de que a Marfrig está muito descontada em relação à soma das suas partes, especialmente depois o papel ter performado abaixo da BRF – empresa da qual detém hoje 47,5% do capital – nos últimos meses.

 “Além disso, na nossa visão, as ações não refletem a venda de cerca de 40% das operações de frigoríficos na América Latina para a Minerva, que deve destravar valor significativo”, escrevem a equipe liderada por Isabella Simonato.

 O otimismo do banco ajudou a colocar a processadora de proteína animal no topo das altas do Ibovespa nesta quarta-feira, com avanço de 6,76% por volta das 14h10, com as ações cotadas a R$ 9.

 Hoje, a fatia da Marfrig na BRF vale cerca de R$ 11,3 bilhões. Nas contas do banco, o negócio restante de carne bovina deve ter um EBITDA de R$ 4,1 bilhões a R$ 4,2 bilhões no próximo ano. Se aplicado um múltiplo de 5 vezes EV/EBITDA para a divisão – em linha com a média história – o valor de equity da divisão seria de R$ 1,5 bilhão.

 “Isso significa que as ações agora estão negociadas com um desconto de 37% em relação à soma das partes, em comparação com a média de 8% desde maio de 2022”, aponta os analistas. Com a alta de hoje, a Marfrig vale cerca de R$ 8,72 bilhões na B3.

 Para eles, esse desconto parece elevado e deve diminuir bastante por menos três razões. A primeira delas é que a Marfrig pode estar mais perto de alcançar sua participação final na BRF, dada sua posição de alavancagem,  o que reduziria assim a incerteza sobre alocação de capital.

 A venda de ativos para a Minerva e o fluxo de caixa recorrente também devem ajudar a reduzir a alavancagem.  “Estamos incluindo a venda em nosso modelo, o que adiciona R$ 3,0 por ação ao nosso preço-alvo, e destacamos que é fundamental para a redução da alavancagem da Marfrig, passando de 5,3x dívida líquida/EBITDA para 4,3x até o quarto trimestre." 

 Além disso, dizem eles, a empresa está sendo mais ativa na recompra de ações, com um novo programa anunciado agora, o que também deve trazer impulso para o papel. 

Um bom negócio para a Marfrig, por um lado, não foi tão bom assim para a Minerva, na visão do banco. No mesmo relatório, o BofA manteve a recomendação neutra essa última companhia, mas reduziu seu preço-alvo de R$ 12 para R$ 9,30, a fim de incorporar a aquisição das plantas da Marfrig e o maior custo de capital.

“Acreditamos que o acordo foi caro e não vemos sinergias comerciais claras, apesar da maior escala”, argumentam, adicionando que a transação provavelmente manterá a alavancagem da Minerva acima de 3x até 2025. O banco manteve a recomendação neutra para os papéis da JBS e preço-alvo de R$ 25, em linha com o relatório de resultados divulgado no último dia 14, quando considerou os números operacionais em linha com o esperado.  

A equipe também manteve recomendação de venda para BRF, com preço-alvo de R$ 11,6, ante os R$ 11 anteriores. A elevação do preço-alvo leva em consideração os números melhores do terceiro trimestre. Apesar disso, os analistas acreditam que não haja potencial de valorização nos níveis atuais do papel e veem riscos relacionados aos preços internacionais do frango e aos custos de ração em 2024.  

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado