"Blindagem contra pressões políticas": novo CEO da Vale agrada e ação sobe 3%
Conselho de Administração aprova Gustavo Pimenta por unanimidade; executivo atuava como CFO da companhia
Guilherme Guilherme
Repórter
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 11:29.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 16:48.
O anúncio de Gustavo Pimenta como CEO da Vale (VALE3) foi bem recebido pelo mercado, que vê em sua nomeação uma redução do risco de intervenção governamental na empresa. O executivo foi eleito por unanimidade pelo Conselho de Administração. As ações da mineradora subiram até 3% nesta terça-feira, 27.
Pimenta possui mais de 20 anos de experiência nos setores de energia e mineração, tendo atuado por 12 anos na AES, onde foi CFO Global, Diretor de Planejamento e Estratégia, e Vice-Presidente de Performance e Serviços. Ele ingressou na Vale em 2021 como CFO e Diretor de Relações com Investidores.
"A nomeação de Pimenta elimina a perspectiva de que a Vale pudesse conectar o governo ao cargo de CEO, servindo como uma blindagem contra pressões políticas", afirmam analistas da Genial em relatório.
Embora a Vale seja uma corporation, havia a percepção de que a composição do Conselho de Administração poderia favorecer os interesses do governo, especialmente com Daniel Stieler, indicado pela Previ (fundo de pensão do BB), ocupando a presidência.
No ano passado, rumores de que o ex-ministro Guido Mantega poderia assumir a Vale afetaram negativamente as ações da companhia.
Uma "vitória" para a governança
Analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) classificaram a nomeação de Pimenta como uma "vitória" para a governança da Vale.
A confirmação de Pimenta também foi bem recebida pelos analistas do Itaú BBA, que enxergam em sua ascensão uma forma de a Vale dar continuidade aos planos estratégicos conduzidos pela diretoria do então CEO Eduardo Bartolomeu.
"Em nossa opinião, uma substituição interna é a melhor alternativa para a Vale, pois facilita a transição, limita mudanças na estratégia da empresa e não interrompe os processos de negociação em andamento", afirmam analistas do Itaú em relatório.
Os analistas do banco acreditam que Pimenta terá duas prioridades no início de sua gestão. A primeira será assinar um novo acordo de estrutura para Mariana, o que, segundo eles, poderia reativar uma base de investidores que não pôde investir na empresa nos últimos anos. A outra prioridade, segundo o Itaú, será renovar as concessões ferroviárias da Vale, equilibrando pagamentos potenciais com obrigações futuras.
Até o último pregão, as ações da Vale acumulavam uma queda de 21% no ano, sendo a principal responsável pelo desempenho negativo do Ibovespa no período. Além das incertezas sobre o comando da companhia, contribuíram para a desvalorização das ações a maior fraqueza do setor imobiliário chinês e, consequentemente, a queda no preço do minério de ferro. A commodity registra uma desvalorização de 27% no ano.
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Guilherme Guilherme
RepórterFormado pela Universidade Metodista de São Paulo. Cobre mercado financeiro na Exame desde 2019. Também trabalhou na revista Investidor Institucional e participou do 9º Focas de Jornalismo Econômico do Estadão.