Urso à vista? Gestores globais na posição mais pessimista desde 11/9
Pesquisa mensal realizada pelo BofA mostra que fundos têm a maior posição caixa desde o atentado terrorista às Torres Gêmeas, em 2001
Publicado em 17 de maio de 2022 às 18:07.
Última atualização em 17 de maio de 2022 às 18:09.
O BofA conseguiu medir o tamanho do pessimismo que se abateu com o mercado de ações desde o fim do mês passado, com sua pesquisa mensal feita com 331 participantes, gestores de US$ 986 bilhões. As carteiras dos entrevistados atingiram a maior posição em caixa que se viu desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, o que indica um extremo conservadorismo.
Além disso, o resultado de maio mostrou a maior posição short em empresas de tecnologia desde 2006 e o maior percentual underweight em ações desde maio de 2020, auge das incertezas com a pandemia. A pesquisa despertou no mercado o medo de um “rally” às avessas, de “bear market”, ou em termos mais tropicalizados, o trágico efeito manada. Não dava para ser diferente.
Para fazer caixa, os gestores sacaram investimento em ações de todas as regiões. Mas, os mercados emergentes sofreram mais, com os fundos underweight em 14%, um recuo de 11 pontos percentuais na comparação com abril. É a menor exposição desde fevereiro de 2016.
O cenário de incertezas fez a alocação em ações cair e, não só isso, concentrou os investimentos naquilo em que “o dinheiro está mais perto”, ou seja, que a perspectiva de retorno não está em um futuro distante. Na pesquisa de maio, 49% dos investidores relataram estar tomando menos risco do que o normal, alta de 14 pontos percentuais em relação a abril. E mais: o pior nível desde dezembro de 2008.
Os três temas que dominam o imaginário e o medo dos investidores nesse momento são: como os Bancos Centrais vão se comportar, recessão global e inflação, nessa ordem. Juntos, esses assuntos representaram 76% das respostas.
A expectativa de crescimento de lucro das companhias no pós-covid também alcançou o pior nível desde outubro de 2008, logo após a quebra do Lehman Brothers. O índice só é compatível com outros momentos de grandes crises como o estouro da bolha ponto.com, a chegada da covid e a crise do LTCM.
Diante disso, o percentual de gestores que preferem que as companhias fortaleçam suas finanças subiu de 34% para 40% — daqueles que gostariam de gastos com recompra de ações caiu de 20% para 18% e dos que ficariam felizes de ver investimentos aumentarem foi para 34%, o menor indicador desde outubro de 2020.
Da parcela investida em ações, a alocação de recursos dos entrevistados pela pesquisa é a mais defensiva desde maio de 2020, com overweight em utilities, bens de consumo e healthcare em 43% (ante 28% em abril). Esse aumento é um comportamento que se repete mês a mês durante todo o ano de 2022, segundo o relatório do BofA.
Também chama atenção o que aconteceu com o “gosto” pelas empresas de tecnologia. De uma posição 11% overweight nesse segmento, os participantes da pesquisa foram 12% underweight — e isso apenas na virada de abril para maio.
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