Por que o Enjoei trocou o Itaim pelo Copan
Ana Luiza McLaren, fundadora do Enjoei, revela seus medos, suas convicções, e seu gosto pela garagem do edifício histórico no centro de São Paulo


Da Redação
Redação Exame
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 17:11.
Última atualização em 4 de dezembro de 2025 às 19:44.
Por Ana Luiza McLaren
Faz uns bons meses que estou enrolando o Lucas, editor desta publicação. O convite veio para que eu escrevesse sobre como é trazer uma empresa pro Centro de São Paulo, assim entendi meu briefing. O fotógrafo, que faria as fotos para ilustrar o tal texto, veio faz uns três meses. E eu, ó: nada.
Tentei muitas versões, umas quase boas. Até que resolvi escrever a verdade. Muitas coisas foram me impedindo de chegar até aqui. A mais importante delas, e portanto, mais difícil de confessar: o medo de que me achassem maluca. Quem tiraria uma empresa do belíssimo edifício São Luiz, do Marcello Fragelli, com jardins do Burle Marx, o mais lindo edifício da capital dos dinheiros Itaim Bibi, e viria pro centro da cidade?
A doidona do Enjoei! A da carta. A da poesia. Pois então. A própria, muito prazer. O segundo medo, também diagnosticado nas inúmeras tentativas de escrever esse artigo, era de que eu conseguisse convencê-los de que o Centro é muito bom, o que seria maravilhoso e deixaria minha mãe, arquiteta e feroz defensora do patrimônio histórico, muito orgulhosa.
No entanto, devo dizer. Tá bom assim, não quero muito mais gente aqui não. Desculpa mãe, desculpa pessoal civilizado do urbanismo, desculpa aê, de coração.

Escritório da Enjoei no mezanino do prédio do Copan no Centro de SP (Leandro Fonseca /Exame)
Começando por um assunto aleatório, pouco explorado: a garagem do Copan. Que garagem, amigos! Preciosa, suntuosa. Colorida. Cheia de carros antigos empoeirados, coisa fina de colecionador. Ocupam várias vagas, mas de tão charmosos, os acolhemos com ternura.
Nos largos pilares, encontramos algumas belas aspas do Niemeyer, reproduzidas em tinta. Há também uma poesia, essa sim, de Geraldo José de Alcântara: "Deste prédio tão esguio, sentado em meu divã, faço críticas e elogios, ao edifício Copan…” e segue.

Garagem do Copan traz carros empoeirados e aspas de gênios como Niemeyer (Leandro Fonseca /Exame)
Isso tudo, na garagem. Nem ao térreo cheguei ainda. É verdade, tem pouca garagem. Metrô e ônibus, aos montes. Os restaurantes. O kilo, de onde sou cliente fidelidade. Tenho uma cartelinha carimbada. A cada dez almoços um é grátis. É muito bom? Não.
Mas para os que fazem questão de muito bom todos os dias, temos um Z Deli sem fila, um luxo. Uma Casa do Porco, estrelada, para sua quarta-feira, que tal? Um Dona Onça, um Orfeu, um Paloma. Um Cuia, um Brisa, um Pratada, um Almanara raiz, um Churrasqueto desde 1970.

Ana Luiza McLaren - fundadora da Enjoei (Leandro Fonseca /Exame)
São tantas opções de restaurantes e bares, sorveteria instagramável, loja de patuá, incenso, loja de queijo hipster pertinho da videolocadora misteriosa, que meu ciúme faz-se compreensível.
Interessante listar os medos que apareceram nessa auto-análise. Tive medo ao escolher o Copan para instalar o Enjoei. Apesar dos pesares, tenho juízo. Medo de que a equipe tivesse medo. Medo dos fantasmas que as pessoas diziam que rondavam a região. Medo de levarem o telefone não vale, esse medo valeria pra todo lugar. Medo do que eu não conhecia, afinal.
Trazer a empresa pro Copan era dar ao Enjoei o que lhe é mais importante, era dizer, de outra maneira: as coisas que já existem têm valor. Faz sentido que as empresas estejam onde sintam-se representadas. Toda escolha do que vestimos, do que lemos, do que falamos, do que ouvimos, comunica.
O Enjoei está exercendo suas convicções empresariais ao escolher o Centro de São Paulo. E suas convicções estéticas e éticas. E agora, vencendo minha ciumeira, vos digo: o Centro é legal demais. Ouvi um total de zero reclamações em quase vinte meses. Sem medo, podem vir.
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