No retorno das expansões, shoppings miram o Centro-Oeste
Multiplan e Iguatemi anunciam ampliações em Brasília, de olho no luxo; Allos avança em Campo Grande
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 3 de outubro de 2024 às 06:01.
Com os números operacionais fortes, o setor de shopping centers colocou o pé no acelerador nos investimentos. Os números da Abrasce, associação que representa o setor, indicam que o aumento de área bruta locável inagurada em 2024 será cerca de 3 vezes maior do que a de 2023.
Mas os anúncios mais recentes parecem ter uma rota do crescimento bem clara para os principais players: o Centro-Oeste.
Iguatemi, Multiplan e Allos escolheram a região para seus próximos investimentos de expansão de área bruta locável de seus shoppings.
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Não é mera coincidência. O Centro-Oeste é, segundo o Censo de 2022, a região de maior crescimento populacional e tem uma das maiores rendas per capita, impulsionada pela pujança do agronegócio.
Em março deste ano, o grupo Iguatemi anunciou o investimento de R$ 236 milhões para aumentar a área do shopping Iguatemi Brasília. Nesta quarta-feira (2), o grupo fez o lançamento comercial da nova área — a maior expansão da história do shopping da capital federal, inaugurado em 2010.
O grupo é dono de 64% do Iguatemi Brasília e para o terceiro ano de operação da nova área é esperado o patamar de R$ 36,5 milhões de NOI (resultado operacional). A expansão faz parte de um projeto maior que contará com a construção de uma torre corporativa, de 5,3 mil m², conectada ao shopping.
O Iguatemi Brasília terá sua área bruta locável (ABL) ampliada com a adição de 15,5 mil metros quadrados, cerca de 50% a mais em ABL. Ao término, o Iguatemi Brasília contará com 50,1 mil metros quadrados de ABL. A obra terá início no primeiro trimestre de 2025 e deve durar 18 meses.
Um crescimento significativo que permitirá adicionar 90 lojas, cinco restaurantes, quatro cafés, um salão de cabeleireiro e uma "Alameda Wellness", como foi batizado o espaço exclusivo para serviços voltados para saúde e bem-estar.
"Brasília é como um hub, que recebe as pessoas que gostam de consumir luxo", diz Ciro Neto, vice-presidente comercial da Iguatemi em entrevista ao INSIGHT. Com uma das maiores renda per capita do país (são cerca de 2,9 milhões de pessoas com renda média três vezes maior que a nacional), a capital do Brasil virou um destino certeiro para o investimento.
Razões próprias do empreendimento e do perfil de lojas nos shoppings de seu portfólio também levaram à decisão de investimento, segundo Neto. A vacância, defende ele, é muito baixa, com "praticamente zero lojas vagas". No segundo semestre, o índice de ocupação total do grupo chegou a 95%.
Mas, além do espaço limitado, há uma demanda reprimida de lojas internacionais querendo acessar esse mercado, de acordo com o exceutivo. "Estamos fazendo o lançamento, mas as primeiras conversas foram muito bem recebidas", diz ele.
Também na quarta-feira, a Multiplan, anunciou a 10ª expansão do ParkShopping -- também em Brasília --, com investimento de R$ 162,6 milhões. As obras estão programadas para começar em janeiro de 2025, com previsão de inauguração no segundo semestre de 2026.
A expansão vai adicionar 8,6 mil metros quadrados de ABL, o que representa mais de 60 novas lojas. Hoje o ParkShopping tem uma área total de 53 mil metros quadrados de ABL e abriga duas torres comerciais.
Com quarenta anos, o Park Shopping é um dos primeiros shoppings da cidade e representa 3,4% ABL da região Centro-Oeste. Em 2023, foi o quinto principal ativo do portfólio da companhia, com R$ 1,6 bilhão em vendas.
Esse foi o primeiro anúncio de expansão da Multiplan em 2024, mas a companhia vai entregar a nova área do ParkShopping Barigüi, em Curitiba, ainda este ano.
Fora de Brasília, mas também na região Centro-Oeste, a Allos, gigante surgida da fusão de Alliansce Sonae e BR Malls, anunciou há pouco mais de um mês a ampliação do Shopping Campo Grande, na capital do Mato Grosso do Sul.
O investimento de R$ 216 milhões deve aumentar em 150 lojas o tamanho do centro comercial e é o maior investimento já anunciado desde a fusão da companhia.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado