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Natura dobra ganho estimado com Avon e anuncia emissão de ações de R$ 2 bi

Sinergia esperada com Avon dobrou, para até 2 bilhões de reais, após pandemia da covid-19 acelerar integração

Natura & Co: com lojas fechadas, venda de e-commerce cresceu 250% no mundo (Germano Lüders/Exame)
Natura & Co: com lojas fechadas, venda de e-commerce cresceu 250% no mundo (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 8 de maio de 2020 às 12:30.

Última atualização em 8 de maio de 2020 às 17:58.

A Natura fará, nos próximos dias, um aumento de capital privado entre 1 bilhão e 2 bilhões de reais. Com dívida total de 16,9 bilhões de reais após absorver a Avon, a companhia vai conseguir ampliar seu caixa entre 22% e 44% com essa operação. Com a alta das ações na bolsa em abril, a emissão custará aos acionistas que não quiserem participar uma diluição de apenas 5%.

Os sócios controladores, que têm cerca de 45% do capital, já garantiram 508 milhões de reais para a colocação e fundos de investimento que tradicionalmente aplicam na empresa, como Dynamo e Atmos, entre outros, mais 492 milhões de reais. Os demais acionistas da companhia terão direito a colocar outro 1 bilhão de reais — o que leva a emissão ao teto de 2 bilhões de reais, se aderirem.

O preço dos novos papéis será de 32 reais, um desconto de 12% em relação ao fechamento do pregão de ontem.

A companhia vai aproveitar a recuperação do preço dos papéis na bolsa em abril para fortalecer a situação financeira para enfrentar os reflexos da pandemia da covid-19. Antes de divulgar a novidade, estava avaliada em 43 bilhões de reais na B3. O valor está distante das máximas históricas que a levaram a uma avaliação superior a 55 bilhões de reais, mas mostra uma recuperação de mais de 40% ante os 30 bilhões de reais do fim de março.

O saldo de caixa no fim do trimestre estava em 4,6 bilhões de reais, após a companhia reforçar o total com uma linha de crédito de um ano no valor de 750 milhões de reais. O consumo de recursos no período alcançou 1,65 bilhão de reais, ante 750 milhões de reais no ano passado. O aumento é principalmente reflexo da pandemia.

Em teleconferência, o presidente da Natura & Co, Roberto Marques, procurou transmitir a mensagem de que a capitalização é uma forma de os acionistas reforçarem a aposta no modelo de negócios da empresa.

Sinergias

No meio das novidades, passou batido que a Natura está dobrando — em reais — o valor das sinergias esperadas com a aquisição da Avon: de uma estimativa entre 780 milhões e 1,1 bilhão de reais para um novo intervalo, que vai de 1,5 bilhão a 2 bilhões de reais.

Antes a empresa projetava um ganho entre 200 milhões e 300 milhões de dólares, para ser alcançado de 2020 a 2023. Essa estimativa, porém, foi calculada com dólar de 3,87 reais. Agora, as novas projeções vão de 300 milhões a 400 milhões de dólares, para um período de 2020 a 2024, mas considerando um câmbio de 5 reais.

Esses serão os principais saldos da pandemia para a companhia: a digitalização acelerada das vendas e a velocidade da integração com a Avon, que permitiu um melhor entendimento de quanto e onde há para se ganhar com a união.

No primeiro trimestre de 2020, a receita líquida consolidada da Natura & Co subiu 1,9% para 7,5 bilhões de reais. Sempre mantendo a sete chaves a divisão do faturamento, a companhia reforçou que as vendas de e-commerce aumentaram 250% no consolidado global.

Apesar de a receita ter mostrado alta modesta, o Ebitda caiu expressivos 75,5%, para 145 milhões de reais, na comparação entre os três primeiros meses deste ano com igual período do ano anterior. Além de gastos extraordinários com a integração, houve também aumento de despesas com vendas, marketing e logística, devido à pandemia.

Apesar de os reflexos no balanço serem pesados, a leitura dos investidores é que, quando o mercado voltar, a Natura & Co será uma companhia com forte vantagem competitiva em relação aos seus pares. E o dinheiro aportado agora ajudará a reforçar esse diferencial.

Após as compras dos últimos anos, com The Body Shop, Aesop e Avon, a companhia de origem brasileira entrou para o seleto grupo de maiores empresas globais puras no ramo de higiene e beleza. Embora seja um setor de gigantes, como a L'Oréal, é também um dos segmentos com menor barreira de entrada e forte presença de pequenos negócios. Muitos deles talvez não sobrevivam à atual crise.

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