Na Vinci, a grande aposta está no crédito privado
Alessandro Horta, CEO da maior gestora independente do país, diz que oportunidade é 'gigantesca' na América Latina e deve liderar estratégia da companhia em 2024
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 11 de junho de 2024 às 13:03.
Última atualização em 11 de junho de 2024 às 14:29.
O ambiente de juros elevados fechou a torneira de liquidez para ativos de risco e deixou o jogo mais complexo para os investimentos alternativos. Diante desse cenário, uma das maiores gestoras independentes, a Vinci está apostando a maior parte de suas fichas no mercado de crédito privado, setor que movimenta mais de US$ 1,7 trilhão em todo o mundo.
“Existe uma oportunidade gigantesca na América Latina e para toda estrutura de crédito, desde o high grade até as special situations”, diz Alessandro Horta, CEO da Vinci. “Questão tecnológica no sistema bancário e de desintermediação do crédito vieram para ficar.”
O mercado de crédito privado começou a ganhar musculatura em 2008, após a crise financeira, com os bancos se tornando mais restritivos nas concessões de crédito em meio a um rigor maior de reguladores. Fundada em 2009, a Vinci tem negócios de private equity, imobiliário e fundos multimercado, mas tem sido cada vez mais vocal sobre o interesse em aumentar sua participação no mercado de crédito privado.
Com mais de R$ 5 bilhões em fundos de crédito privado, a Vinci tem aumentado a relevância dessa atuação na sua estratégia especialmente após a chegada da americana Ares, que em outubro do ano passado investiu US$ 100 milhões na gestora brasileira, ficando com 15% de participação.
Em março, a companhia anunciou a combinação de negócios com a Compass, uma gestora americana especializada em operações na América Latina. Na prática, a Vinci incorporou a Compass e triplicou o valor de ativos sob sua gestão para US$ 50 bilhões, incluindo todas suas operações.
“Obviamente isso [aquecimento do mercado de crédito privado] é global, mas nossa maior força de competitividade é local, na América Latina. Ainda tem concentração de crédito no setor bancário muito grande”, defendeu em painel nesta terça-feira, 11, no congresso da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap).
“É a realidade no Brasil, na Colômbia, no México e na Argentina. Existem, claro, desafios regulatórios, mas é mercado em crescimento e subassistido, com oportunidade para todos os players”, diz.
O crédito privado atingiu recorde de US$ 5,9 bilhões na América Latina em 2022, mas caiu para apenas US$ 3,55 bilhões em 2023, de acordo com dados da LAVCA, a associação latino-americana de investimentos privados.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado