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Fusões e Aquisições

Na Santos Brasil, um comprador inesperado – e um prêmio de 20%

Gigante francesa CMA vai desembolsar até R$ 13,2 bi para entrar na operação de contêineres no país

Vista do Tecon Santos, principal ativo da Santos Brasil (Santos Brasil/Divulgação)
Vista do Tecon Santos, principal ativo da Santos Brasil (Santos Brasil/Divulgação)

Publicado em 23 de setembro de 2024 às 10:11.

Última atualização em 23 de setembro de 2024 às 12:11.

Terceiro maior operador de contêineres do mundo, a francesa CMA entrou num acordo para comprar a fatia de 48% da gestora Opportunity na Santos Brasil, dona do maior terminal do país, o Tecon Santos, por R$ 6,33 bilhões.

O valor, de R$ 15,30 por ação, embute um prêmio de 20% sobre o fechamento de sexta-feira, 20. A oferta será estendida também aos minoritários, numa operação que pode somar até R$13,2 bilhões e tirar a empresa da Bolsa.

(A Santos Brasil é listada no Novo Mercado, mas como o Opportunity não tinha mais de 50%, o tag along não era necessário – o que mostra o apetite do CMA pela ativo.)

Há anos o mercado especula sobre um eventual interesse de grandes operadores de logística e transporte pela Santos Brasil, dona de um ativo premium no principal porto do país.

Mas a CMA apareceu como uma surpresa, dado que players que já atuam em Santos, como a Maersk e a MSC eram consideradas favoritos. Em tese, outras empresas poderiam fazer uma oferta concorrente à da francesa, mas, no mercado, o movimento é considerado improvável.

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A operação marca a entrada da CMA – que já era cliente da Santos Brasil -- no país. Fundada em 1978, e com sede em Marselha, a companhia faturou US$ 47 bilhões e tem uma frota de 500 navios, que atendem mais de 400 portos em 160 países.

A gigante francesa está pagando um múltiplo de 12 vezes o EBITDA da Santos Brasil, um prêmio em relação à média histórica de 8 a 9 vezes pelo qual a companhia é negociada na Bolsa.

Por um lado, o valor está abaixo de outras transações menores fechadas nos últimos anos, como a aquisição do terminal de Puerto de Barranquilla, na Colômbia, pela I Squared Capital, em 2021, que saiu a 16 vezes o EBITDA.

Por outro, o valor foi bem recebido por gestores ouvidos pelo INSIGHT, especialmente dadas as discussões sobre competição: o governo vem discutindo leiloar uma área grande no porto, o que vinha sendo uma preocupação relevante para a tese.

Acionista de referência da Santos Brasil, o Opportunity entrou na Santos Brasil em 1997 com a tese de expandir a sua infraestrutura portuária.

Desde então, saiu de apenas um terminal em Santos para um portfólio bem mais completo – incluindo ativos em Itaqui (MA), Imbituba (SC) e Vila do Conde (PA) --, responsável por 17% da movimentação de contêineres no Brasil.

Ao longo dos anos, o Opportunity negou ofertas por sua fatia da Santos Brasil. O investimento na companhia foi feito com capital proprietário -- ou seja, não dependia da venda para trazer retorno a cotistas.

Com um valor de mercado de R$ 11 bilhões, a Santos Brasil acumula uma valorização de 43% nos últimos 12 meses.

Além do valor oferecido pela CMA, os acionistas da companhia ainda vão receber um dividendo de pelo menos R$ 0,50 por papel até o fim do ano e uma redução de capital já aprovada de R$ 1,85 por ação em novembro.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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