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Na Light, um acordo ainda (muito) distante

Discrepância no valor das ações para o dinheiro novo a ser injetado por Nelson Tanure e conversão de dívida em ações geram impasse

Light: depois de meses, negociações seguem travadas (Light/Divulgação)
Light: depois de meses, negociações seguem travadas (Light/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 17:49.

A Light ainda está muito longe de um acordo com os seus credores. A principal discussão é sobre o preço de conversão da dívida em ações.  

Na mesa, está a proposta de Nelson Tanure de ancorar um aumento de capital de R$ 1 bilhão na empresa, ao preço médio ponderado das ações nos últimos 45 dias, que hoje está em torno de R$ 6. Nessa operação, no entanto, ele levaria dois bônus de subscrição imediatamente conversíveis e a um preço simbólico. Ou seja, na prática, cada ação sairia a R$ 2.  

Para os credores, a proposta é de conversão de parte da dívida diretamente pelo preço médio ponderado, sem os warrants.  

“Está claro que é uma assimetria muito grande. Primeiro, a empresa não vale o preço de tela. Segundo, dá até para argumentar que quem colocar dinheiro novo possa ter alguma vantagem, mas não tão discrepante”, aponta uma fonte envolvida nas negociações. “É um haircut [desconto na dívida] surreal.”  

Tanto os detentores de debêntures, que tem cerca de R$ 6 bilhões em dívidas na distribuidora, quanto os bondholders, com R$ 2 bi a receber, acreditam que um preço na casa dos R$ 2 a R$ 3 por ação na conversão das dívidas faria mais sentido.  

“Não tem muita conversa, quando se faz o valuation dessa companhia, chega-se a um valor muito abaixo do preço que ela negocia na Bolsa. O papel negocia completamente descolado dos fundamentos”, pondera um interlocutor.  

Segundo ele, por ora, a Light está irredutível na proposta. “As conversas estão travadas, não tem nem como começar a discussão nesse preço.” 

Com baixa liquidez, de menos de 10 milhões de ações por dia na média dos últimos 12 meses, a Light vale hoje R$ 2,35 bilhões na Bolsa – alta de 42% em um ano e queda de 25% nos últimos seis meses.  

A proposta apresentada formalmente pela Light no mês passado prevê a conversão de 40% das dívidas de R$ 11 bilhões em ações. Para quem aderir à proposta, o restante dos débitos seria pago num prazo de oito anos com remuneração de IPCA mais 4% ao ano.  

Quem não aderir, receberia o pagamento  em condições muito menos atrativas, em 15 anos remunerados por IPCA+2%.  

A Light quer fazer a assembleia de credores em 21 de março. A data efetiva ainda depende de aprovação judicial.  

Para quem decide. Por quem decide.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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