Logo Exame.com
Engie

Na Engie, venda de fatia na TAG acende sinal amarelo

Analistas questionam decisão de alocação de capital num momento de retornos mais espremidos para geração renovável

Engie Brasil: venda de fatia da TAG fez analistas começassem a questionar a decisão de alocação de capital  (Charles Platiau/Reuters)
Engie Brasil: venda de fatia da TAG fez analistas começassem a questionar a decisão de alocação de capital (Charles Platiau/Reuters)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

2 de janeiro de 2024 às 14:23

A venda de uma fatia de 15% da TAG pela Engie, anunciada no apagar das luzes de 2023, fez com que alguns analistas começassem a questionar a decisão de alocação de capital por parte da geradora e transmissora de energia.

“A avaliação implícita de 4,6x EV/EBITDA está cerca de 13% abaixo de nosso valor justo para este ativo, portanto, vemos a venda como negativa para a empresa”, escreveram os analistas do Safra.

As ações da Engie negociam em baixa de cerca de 1,7%, na maior baixa entre as elétricas no primeiro pregão do ano.

A Engie Brasil vendeu a participação por R$ 3,91 bilhões para a CDPQ, que já era sua sócia na rede de gasodutos, comprada da Petrobras em 2019, e manteve uma participação de 17,5% no ativo. Junto com a sua controladora (não-listada), a Engie vai manter uma fatia de controle na TAG.

Mais do que o valuation, a dúvida é porque a empresa está se desfazendo de um ativo gerador de caixa e com bons retornos para investir em outros projetos, num momento de retornos mais espremidos no mercado.

O negócio de gasodutos da TAG é um grande gerador de caixa, o que ajudaria a financiar os investimentos necessários para colocar de pé seu pipeline de mais de R$ 14 bilhões em projetos.

Com Ebitda de R$ 2,7 bilhões e margens acima de 85%, a TAG ajuda a reduzir a alavancagem geral e abre novas alternativas de crescimento conforme o mercado de gás no Brasil se desenvolve.

“Em nossa visão, a TAG era um dos ativos mais interessantes no portfólio da Engie, dado seu potencial para colher os benefícios do crescente negócio de gás natural no Brasil. Com a venda, esse ganho potencial será reduzido. O desafio agora para a Engie é encontrar novos projetos com perfil atrativo de risco/retorno”, escreveu a equipe da XP.

Mais enfático, o Safra já vem questionando as últimas decisões de investimento da companhia. Segundo o time liderado por Daniel Travitzky, a atuação mais recente nos leilões de transmissão e na compra de um complexo solar da Atlas, mostraram uma estratégia “muito mais agressiva”, com taxa interna de retorno na casa de 8%.

“A companhia mencionou que vai continuar investindo em transmissão e geração, o que deve implicar retornos mais apertados (devido à competição em leilões e preços de energia ainda baixos), aumentando, portanto, a incerteza quanto à futura estratégia de alocação de capital”, escreveram os analistas do banco.

Com uma estimativa mais baixa de preço para a TAG, a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) considerou o negócio neutro. A expectativa do banco é que a transação gere ganhos de capital de aproximadamente R$1,5 bilhão para a Engie, ou R$1 bilhão líquido de impostos.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado