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ESG

Heineken confirma fatia minoritária na Better Drinks – e anuncia braço de impacto e ESG

Cervejaria está criando uma plataforma de negócios de impacto e transição energética, numa espécie de “ecossistema colaborativo” batizado de Spin

Heineken: Parceiros incluem também a Rizoma, de agricultura regenerativa, e Ambipar, para reciclagem de vidros (Leandro Fonseca / EXAME)
Heineken: Parceiros incluem também a Rizoma, de agricultura regenerativa, e Ambipar, para reciclagem de vidros (Leandro Fonseca / EXAME)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 26 de junho de 2024 às 11:19.

Última atualização em 26 de junho de 2024 às 19:29.

A Heineken escolheu o Brasil, seu maior mercado no mundo, para fazer um movimento ainda inédito na história da cervejaria holandesa: está criando uma plataforma de negócios de impacto e transição energética, numa espécie de “ecossistema colaborativo” batizado de Spin.

Com investimento inicial de mais de R$ 150 milhões, a Spin reúne parcerias com empresas como Ambipar, Raízen, Rizoma e Ultragaz. Além da Central Única das Favelas (CUFA) e com a Better Drinks, da qual passou a ter participação minoritária, como antecipado pelo INSIGHT. Os recursos vão ser aplicados no desenvolvimento dos projetos parceiros.

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O objetivo, conta Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos da Heineken Brasil, é alcançar as metas de descarbonização da cadeia, previstas para 2030. “Se fossemos só investir em tecnologia e as opções que existem no mercado para isso, a única certeza é de que quebraríamos a empresa”, diz.

A companhia, então, passou a pensar em novos modelos que pudessem  ajudar na construção das principais etapas de descarbonização da sua cadeia, passando desde a transição energética, agricultura, circularidade de embalagens e marcas de impacto.

Não é um modelo de verticalização tradicional como ocorre com os concorrentes, como a Ambev que tem sua fábrica de vidros ou com aplicativo de delivery Zé Delivery. “Temos experiência em fazer cerveja e construir marca, não temos experiência em agricultura generativa, por exemplo. É sempre um modelo mais colaborativo”, diz.

Em parceria com a Rizoma, de Pedro Paulo Diniz (filho de Abílio Diniz e ex-piloto de Formula 1), a primeira fase desse modelo de negócio será em uma área de mais de 800 hectares na cidade de Itu, interior de São Paulo, onde as empresas produzirão limão orgânico em sistema agroflorestal produtivo e de regeneração. Com a produção, as companhias conseguirão colocar de pé iniciativas de sequestro de carbono. Próxima da área da fábrica da cervejaria da Heineken, a produção trará ganhos de melhoria hídrica para o entorno da planta industrial. 

Com Ambipar, vai desenvolver um sistema de logística reversa especialmente para as embalagens de vidro. O contrato prevê nove centrais de reciclagem de vidro, cuja expectativa é de que gerem R$ 400 milhões ao ano de faturamento. Raízen e Ultragaz já são parceiras na oferta de energia limpa para a Heineken e seus clientes comerciais, e as parcerias passam a ser parte da Spin.

Portfólio além da cerveja

A ampliação de portfólio, no entanto, era um dos pontos cruciais para o negócio, segundo Homem, de olho nas demandas especialmente dos novos consumidores, olhando para além da cerveja — uma aposta que já está na estratégia da Ambev com a unidade de negócio Beyond Beer.

Nesse movimento, a Heineken se associou à Better Drinks, uma empresa com certificação B (empresas que atendem a critérios de sustentabilidade) e que é dona de seis marcas, incluindo a cerveja Praya e do energético natural Baer-Mate.

Embora não haja um aporte de capital na empresa, a Heineken passa a ser sócia minoritária da empresa ofertando sua estrutura como segunda maior cervejaria do país, melhorando condições de negociação para compra de matéria-prima, insumos, logística e também passando a ofertar os produtos para seus parceiros comerciais — hoje, a Heineken vende para mais de 1 milhão de pontos comerciais.

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“Estamos colocando pra dentro um portfólio de novas marcas, o que é muito mais rápido do que ter de fazer a inovação toda dentro de casa”, explica Rafael Rizzi, que toca a área de novos negócios da Heineken e está na companhia desde a aquisição da Brasil Kirin, em 2017. “Nós conectamos com marcas que têm propósito, mas que também vão trazer ganhos. A Better Drinks já tinha essas marcas e uma boa estrutura.”

O objetivo passa por acelerar o faturamento, atualmente na ordem de R$ 50 milhões ao ano. O contrato de sociedade inclui o atendimento de métricas sustentáveis e financeiras. Os executivos não abriram se há cláusulas de opção de compra ou earn-out para os fundadores da Better Drink, por exemplo.

“Temos mecanismos de incentivo para que ambas partes da sociedade se beneficiem com o crescimento dos negócios ao longo do tempo", afirmou, sem dar mais detalhes. "Mas o grande objetivo é crescer junto e compartilhar o sucesso e os aprendizados."

Além da sociedade com Better Drinks, a Heineken vai ter apoio da CUFA para identificar empreendedores sociais que tenham marcas que atendam a esse ganho de ampliação de portfólio e impacto social. A partir daí, a Heineken também se associa à empresa e passa a dar escala para a marca.

“Vemos o mercado, a concorrência e achamos que ninguém aprendeu a fazer tão bem esse mercado além cerveja. Não queremos repetir os mesmos erros do passado. O consumidor quer entender o que a marca entrega além do produto”, diz Homem.

Nesse modelo, a empresa não precisa desenvolver ter três ou quatro marcas, mas dezenas. “É muito mais rápido de desenvolver, até porque já tiveram teste mercadológico”, acrescenta Rizzi. “Esse portfólio é muito essa resposta ao fato de que precisávamos também ter mais opções de bebidas para o nosso consumidor.”

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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