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Em dois dias, R$ 10 bilhões em cinco novos planos de IPO para 2020

Pedidos recentes de registro à CVM têm empresa de logística, de varejo, de distribuição de medicamentos e, mais uma vez, do ramo imobiliário

Na B3, fila para IPO no ano da pandemia não para de crescer: em dois dias, cinco novos pedidos (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)
Na B3, fila para IPO no ano da pandemia não para de crescer: em dois dias, cinco novos pedidos (Patricia Monteiro/Bloomberg/Getty Images)
GV

Graziella Valenti

18 de agosto de 2020 às 09:18

Com bolha ou sem bolha, com ministro da Economia Paulo Guedes ou sem ele, a atividade do mercado está tão forte que agora é assim: piscou, cinco IPOs e 10 bilhões em ofertas. Foi o que aconteceu no fim da semana passada. Apenas entre quinta e sexta-feira, cinco novas pretendentes a companhias abertas pediram registro de suas operações à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A maior é o Grupo Mateus, varejista do Nordeste que pretende movimentar 4,5 bilhões de reais com sua oferta inicial.

Mas a lista tem ainda a Sequoia Soluções Logísticas, a Elfa Medicamentos e — não poderiam faltar — duas companhias do setor imobiliário, a Alphaville e a EZ Inc Incorporações Comerciais, da EzTec. Juntas, elas podem movimentar 5 bilhões de reais com suas operações, se todas saírem e com as condições pretendidas. Somadas aos planos do Grupo Mateus, lá se vai uma dezena de bilhão.

Mas o que a Sequoia, uma empresa de soluções logísticas, e a Elfa, que atua na distribuição de medicamentos e aparelhos de alta complexidade médica e hospitalar, têm em comum em setores tão diversos, além de um cronograma de oferta parecido e o desejo de fazer uma operação de 1 bilhão de reais? A resposta é simples: um fundo de private equity como controlador. E ambos são vendedores nas planejadas ofertas de ações.

No caso da Sequoia, o Warburg Pincus tem mais de 70% do capital, e na Elfa, os fundos da Pátria Investimentos são detentores de quase 100% do capital. Costuma-se dizer que os fundos de private equity, pela natureza de suas operações, querem os maiores descontos na hora de investir e os maiores prêmios no momento de vender. A fama, no mínimo, merece reflexão sobre o momento do mercado — ainda que ter a bolsa para porta de saída dos fundos seja essencial ao bom funcionamento de ciclo produtivo do capital.

Ambas as companhias são de médio porte — comparadas ao tamanho das empresas listadas no país. Nos primeiros seis meses do ano, a receita líquida da Sequoia foi de 376,5 milhões de reais. O Ebitda acumulado em 12 meses ficou em 76 milhões, até o fim de junho. A companhia, que se declara fornecedora de soluções de logística que vão desde a entrega do produto da fábrica até os pontos de distribuição e, destes, até o cliente, fechou o semestre com dívida líquida de 236 milhões de reais. O coordenador dessa oferta é o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame). Entre os participantes do sindicato da transação está o Banco ABC Brasil, que em dezembro do ano passado comprou mais de 90% de uma emissão de 100 milhões de reais em debêntures simples da companhia.

Já a Elfa Medicamentos teve receita líquida de 1 bilhão de reais no primeiro semestre, com Ebitda de 22 milhões de reais — margem apertada de 2,2%. Ao fim de junho, a empresa tinha 468 milhões em dívidas, para um caixa de 253 milhões de reais. O coordenador líder dessa operação é o Citigroup, que em junho celebrou um empréstimo de 100 milhões de reais à companhia, com prazo de três anos.

Quem abriu essa caixa de pandora — das operações secundárias de fundos de participações — foi o sucesso do Advent em pulverizar o capital da Quero-Quero, varejista de materiais de construção. A operação não saiu no teto da faixa pretendia, mas todas as ações foram colocadas, em uma oferta superior a 2,2 bilhões de reais, em sua totalidade. O Advent, que colocou 300 milhões de reais no negócio, em 2008, saiu com 1,95 bilhão de reais no bolso, doze anos depois — um retorno de 5,5 vezes o capital aplicado. Quem não quer?

 

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