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Cosan diz a investidores que não deve entrar na privatização da Sabesp

Aegea e Equatorial são tidas como as mais adiantadas para fazer oferta como acionistas de referência; IG4 também está no jogo

Sabesp: Interessados em ser acionistas de referência começam a agendar encontros com investidores de mercado (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Sabesp: Interessados em ser acionistas de referência começam a agendar encontros com investidores de mercado (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 17 de maio de 2024 às 11:19.

Última atualização em 17 de maio de 2024 às 12:26.

Uma das cotadas para entrar como acionista de referência na privatização da Sabesp, a Cosan tem dito abertamente a investidores nas últimas semanas que deve ficar fora do processo.

Múltiplas fontes ouvidas pelo INSIGHT afirmaram que tanto o CEO, Nelson Gomes, quanto o CFO, Rodrigo Araújo, tem dito em reuniões privadas no Brasil e esta semana em Nova York que não tem interesse no ativo, especialmente por conta do seu endividamento elevado.

“É como quando seu filho pede um carrinho de controle remoto e você responde: ‘tenho 10 motivos para não te dar o carrinho, mas só te darei um e é o suficiente: não tenho dinheiro’”, disse o CFO Rodrigo Araújo, numa metáfora que parece ser recorrente, dado que foi ouvida por investidores presentes em conversas distintas.

Procurada, a Cosan não quis comentar.

Num momento em que os investidores estão tentando se acomodar para a oferta e estão preocupados com a valorização das ações na B3 antes da operação, pessoas próximas à operação de privatização da Sabesp ainda não descartam totalmente a participação da Cosan.

Mas acham que ela é improvável, tanto por conta da alavancagem da companhia, quanto pela experiência com o investimento em Vale, que se provou mais desafiadora que o esperado.

“A Cosan é uma empresa que gosta que ter o controle das operações. Por mais que a governança da Sabesp tenha ficado bem azeitada no novo modelo, o acordo de acionistas com o governo não garante uma posição de controle”, pondera um desses interlocutores.

Por ora, os favoritos para entrar na operação de privatização da Sabesp são a Aegea, que tem sido bastante vocal sobre o assunto, inclusive na imprensa.

A empresa de saneamento – que tem a Itaúsa e o fundo soberano de Cingapura GIC como acionistas – está em conversas ativas com investidores de mercado para já apresentar seus planos para a Sabesp há algumas semanas. Em Nova York, esta semana, está num processo de captação de fundos junto com a gestora Perfin, de Ralph Rosenberg.

Outra interessada é a IG4, gestora de private equity de Paulo Mattos que capitaneou o processo de turnaround que transformou a antiga CAB Ambiental na Iguá Saneamento, e tem concessões como as de Cuiabá e do Rio de Janeiro.

A IG4 já assegurou uma linha de crédito para financiar parte da operação e está levantando um veículo de US$ 1 bilhão nos Estados Unidos para completar o funding, numa joint venture com a gestora americana Water Aset Management, especializada em investir em empresas de águas e saneamento listadas em todo o mundo.

Nesta última semana, a IG4 começou a agendar reuniões com fundos de investimento no Brasil e no exterior para se apresentar como candidata à operação.

A Equatorial também é apontada como uma das favoritas, apesar de ainda estar mantendo uma posição mais low profile em relação ao negócio. Outro nome que ainda aparece no radar como possível interessada é a francesa Veolia.

Num modelo inovador, a oferta de privatização da Sabesp será feita em duas etapas. Na primeira, investidores estratégicos vão apresentar uma proposta para uma fatia de 15% na companhia, que ficará amarrada pelo menos por cinco anos num acordo de acionistas com o governo de São Paulo. As duas propostas de maior valor serão levadas para a segunda etapa, em que os investidores de mercado escolherão a favorita: aquela que receber maior volume de ofertas ganha.

Como noticiou o INSIGHT, alguns mecanismos serão colocados em prática para maximizar o valor do Estado na transação, entre eles uma trava para o volume de ofertas na segunda etapa. Se ela passar de determinado patamar de múltiplo em relação ao volume de ações ofertado, vence a de proposta de maior valor por ação.

Nesse mecanismo, é o mercado que escolhe o melhor investidor estratégico, de forma que candidatos a acionista de referência, além de levantarem os recursos para propor um bom preço, precisam convencê-lo de que são bons operadores e vão gerar valor para a nova Sabesp.

Os detalhes da operação devem ser anunciados a partir de segunda-feira, quando será assinado o contrato com as URAEs, unidades regionais que concentram os municípios paulista, e o governo do Estado para o novo modelo regulatório da Sabesp.

A expectativa do governo do Estado é fazer a oferta de privatização ainda em junho.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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