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Casas Bahia reestrutura dívida com bancos e ganha fôlego de R$ 4,3 bi

Pedido de recuperação extrajudicial foi aprovado por Bradesco e BB, principais credores, e também reduz custo da dívida; "plano dá mais espaço para focarmos no operacional", diz CEO

Casas Bahia: recuperação judicial troca dívida atual por uma nova emissão de debêntures de R$ 4,1 bilhão (Casas Bahia/Divulgação)
Casas Bahia: recuperação judicial troca dívida atual por uma nova emissão de debêntures de R$ 4,1 bilhão (Casas Bahia/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 28 de abril de 2024 às 20:55.

Última atualização em 28 de abril de 2024 às 21:34.

A Casas Bahia está anunciando um novo alongamento de suas dívidas, numa negociação que deve trazer uma solução definitiva para o fluxo de caixa e a saúde financeira do negócio. A empresa fechou um acordo com seus principais credores, Bradesco e Banco do Brasil. O reperfilamento preserva R$ 4,3 bilhões de caixa até 2027.

A empresa está protocolando na Justiça um pedido de recuperação extrajudicial com o plano de reestruturação celebrado com os bancos, detentores de 54,5% da dívida reestruturada. Se consideradas debêntures da varejista detidas por suas assets, o percentual da dívida nas mãos do Bradesco e BB chega a 66%. 

Mais simples do que uma recuperação judicial – que foi uma das hipóteses levantadas (e temida) por parte do mercado – , a reestruturação inclui apenas dívidas financeiras sem garantias, como debêntures e CCBs emitidas junto aos bancos, e não envolve compromissos com fornecedores e seguradoras.

"É uma operação que já nasce aprovada com os credores e nos dá fôlego para enfrentar riscos macroeconômicos. Nos deixa com caixa forte. Num cenário macro mais positivo, me dá flexibilidade para antecipar compra de Black Friday e fazer acordos melhores com fornecedores", explica Renato Franklin, CEO da Casas Bahia. Ao fim de 2023, a empresa tinha R$ 3,5 bilhões em caixa.

Pelo acordo, os vencimentos totalizados em R$ 4,8 bilhões até 2027, passam a ser de R$ 0,5 bilhão no período após homologação do acordo, empurrando o restante dos pagamentos para 2028 em diante – em continuidade à negociação anunciada no fim de fevereiro para os R$ 1,5 bilhão que venceriam neste ano e no próximo.

O prazo médio de amortização sai de 22 para 72 meses e vem acompanhado de uma redução de 1,5 pontos percentuais no custo médio, para CDI + 1,20%  que representa uma economia de R$ 400 milhões no período.

“Andamos bem com o liability management, e isso vai dar mais tempo e agenda para focarmos no operacional. Só tinha meio Renato olhando para empresa e outro meio Renato olhando para dívida. Buscamos algo definitivo e estrutural”, diz Franklin. Desde maio de 2023 no cargo, o executivo egresso da Movida chegou com a missão de fazer uma reestruturação financeira e operacional e levar a companhia de volta ao crescimento a partir de 2025. 

O plano deve ser homologado 30 dias após a análise do pedido pela Justiça e de eventuais objeções apresentadas. A partir daí, ele é implementado com a substituição da dívida financeira por uma nova emissão de debêntures, no total de R$ 4,1 bilhão e em duas séries. 

Na primeira série, o credor vai receber 37% do crédito, num custo para a varejista de CDI + 1,5%. A carência é de 34 meses para juros e 30 meses para o pagamento do principal, com amortizações escalonadas a partir de 1º maio de 2026, quando acaba o período de carência.

Na série 2, que corresponde a 63% dos créditos, o bullet para pagamento de juros e principal é novembro de 2030, com taxa de CDI + 1%, mas há duas classificações: parceiros e não parceiros. Além dos bancos, que mantiveram disponíveis linhas de CDCI e risco sacado (não sujeitas à RE), credores pulverizados podem ser parceiros dando um dinheiro novo para a companhia. 

Quem for parceiro tem a opção de converter em ações entre 18 e 36 meses, em janelas semestrais. A conversão considera um desconto de 20% em relação ao preço médio de cotação dos últimos 90 dias. Por exemplo, se a cotação média da ação foi de R$ 10, o credor pode converter seu crédito a um valor de R$ 8 por ação. 

“Isso cria duas coisas boas: incentivo para fazer o plano dar certo e, caso isso não aconteça, protege também a companhia, porque o credor converte [a dívida] em equity e não fica um problema de dívida lá na frente”, afirma Franklin. 

A direção da companhia vai apresentar detalhes da operação a investidores e analistas em teleconferência na manhã desta segunda-feira, 29. Com a divulgação de resultados prevista para o próximo dia 8, a varejista, diz o CEO, vai mostrar uma captura maior de redução de despesas de gerais, de venda e administrativas no primeiro trimestre de 2024, passados os maiores custos de fechamento de lojas e redução de estoques. 

“O SG&A já vem menor ajudando na margem. Viemos com um fevereiro melhor que janeiro e março melhor do que fevereiro, o que nos deixa otimistas para o segundo trimestre. Estamos confiantes com o plano.”

O Bradesco foi assessorado pelos escritórios /asbz e SOB e o Banco do Brasil, pelo Machado Meyer. O escritório Pinheiro Neto assessorou a varejista.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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