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BNDES põe exército em campo para retomar vendas de ações

As ações das companhias Klabin e Suzano seriam os destaques de possíveis alienações, mas não há decisão tomada até o momento

BNDES: Não há nenhuma decisão, mas preços de mercado levaram a sondagens (Nacho Doce/Reuters)
BNDES: Não há nenhuma decisão, mas preços de mercado levaram a sondagens (Nacho Doce/Reuters)

Publicado em 1 de junho de 2020 às 19:21.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 22:46.

Há um exército de bancos da Faria Lima na rua para sondar o interesse do mercado pelas participações minoritárias que o BNDES tem em carteira. O banco de fomento está, por enquanto, medindo a temperatura com os investidores. Entre os destaques da lista de vendas possíveis estão as participações nas empresas Klabin e Suzano.

Ambas as companhias chamam atenção no cenário de pandemia pelo comportamento positivo das ações. A exportadora Suzano, pela capacidade de se beneficiar da alta do dólar, conseguiu sustentar o preço dos papéis. O valor de mercado da empresa saiu de 53,6 bilhões de reais, no fim de 2019, para os atuais 52 bilhões de reais — uma pequena queda de 3% no acumulado de 2020.

Já a Klabin registra valorização no ano, com valor da companhia saindo de 19,9 bilhões de reais ao fim de dezembro para 21,3 bilhões de reais — ganho de 7% no ano.

São dois feitos e tanto na atual circunstância. O Índice Bovespa acumula queda superior a 23% neste ano. A movimentação do BNDES é coerente com o comportamento da bolsa nos últimos pregões, ainda que não haja decisão até o momento. A força da recuperação do mercado está surpreendendo até os especialistas e ninguém consegue responder se é sustentável ou não. Hoje, o indicador fechou no maior patamar dos últimos 80 dias.

Gustavo Montezano, presidente da instituição, vem reforçando nas declarações públicas que a estratégia de desinvestimento do banco não se modificou. As operações não ocorreram porque o mercado fechou. Consultado sobre o assunto, BNDES não se manifestou.

A participação da BNDESPar na Klabin é de 5,2% do capital total, o que equivale a aproximadamente 1,1 bilhão de reais a preços atuais. A venda neste caso poderia ser especialmente simples, pois o tamanho comporta um “block trade”, ou seja, um bloco de papéis colocado à venda no próprio pregão, sem necessidade de um processo formal de oferta pública. Mas, para o BNDES, esse caminho curto e rápido não tem nada de trivial. Dada as discussões em torno dos deveres de gestores estatais, o formato de oferta pública com processo de bookbuilding oferece mais conforto aos tomadores da decisão final perante aos órgãos de fiscalização “da coisa pública”, em especial, o temido Tribunal de Contas da União (TCU).

Já a participação em Suzano é maior: 11% do capital total, o que equivale a 5,7 bilhões de reais, conforme as cotações de hoje, e necessita mesmo de uma organização prévia para ser desfeita em uma só tacada.

Entre os ativos que a BNDESPar estaria disposta a vender estão também debêntures participativas da Vale. O braço de investimentos do banco de fomento tem uma posição equivalente a 1,5 bilhão de reais nesses títulos. Mas, com todos os desafios do mercado secundário de dívida no Brasil, a liquidez diária é bastante inferior à fatia do banco.

O EXAME IN apurou que as sondagens de mercado ocorrem há pelo menos duas semanas. Contudo, até o momento, nenhuma ordem foi determinada pelo BNDES.

No passado, o banco já havia sinalizado intenção de se desfazer também das ações remanescentes da Petrobras e da posição na companhia de proteína animal JBS, da família Batista. A participação somada nessas duas empresas supera 25 bilhões de reais. Movimentos nessas duas posições, portanto, demandam um escrutíneo maior — e preços melhores que os atuais. Toda a carteira da BNDESPar em companhias abertas somava 61,4 bilhões de reais ao fim de março.

 

 

 

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