Após IPO, Multilaser quer se tornar empresa global
A empresa brasileira, que abriu capital em julho, quer ampliar parcerias com empresas multinacionais e levar produtos para outros países da América Latina e de língua portuguesa
Publicado em 13 de agosto de 2021 às 08:56.
Última atualização em 13 de agosto de 2021 às 11:08.
Após o início, em 1987, como uma empresa especializada em cartuchos de tinta para impressoras, a Multilaser passou para as mãos de Alexandre Ostrowiecki depois que seu pai e fundador da empresa, Israel Ostrowiecki, morreu durante um mergulho na Costa Rica. Em 2004, a empresa lançou uma linha de CDs e DVDs virgens e a diversificação dos negócios não parou mais. Hoje, são mais de 20 marcas próprias e nove parcerias com empresas multinacionais. Após o IPO, em julho, onde captou 1,9 bilhão de reais, a Multilaser planeja agora a expansão da sua internacionalização e a expansão de suas fábricas em Extrema (MG) e Manaus (AM), além da criação de uma fábrica de ejetores plásticos para a produção de eletroportáteis no Brasil.
A empresa começou a vender seus produtos fora do Brasil no ano passado. Os primeiros países a receberem seus aparelhos foram Uruguai e Argentina. “Estamos com um time contratado para esse processo e estamos buscando distribuidores no México, Bolívia, Chile, Portugal e Angola. Queremos uma presença regional na América Latina e em países de língua portuguesa”, diz Alexandre Ostrowiecki, em entrevista para a EXAME.
A estratégia de distribuição da empresa será mista nessa expansão internacional e prevê tanto a exportação de produtos feitos no Brasil quanto a importação diretamente da Ásia para os novos mercados.
A companhia planeja manter sua estratégia de atrair parcerias internacionais para fabricação e distribuição de produtos no mercado brasileiro, onde já tem alianças semelhantes com HDM Global (Nokia), Sony, Rapoo e Toshiba.
“O Brasil é um ambiente econômico muito complexo, economicamente e do ponto de vista de mercado de trabalho. As empresas globais preferem produzir na Ásia e vender para o mundo todo. Abrir uma fábrica apenas para o Brasil desanima os estrangeiros e é uma barreira de entrada. Muitos estrangeiros optam pelas parcerias com nacionais por isso. Há também a questão do crédito para empresas, que é complexo. Recuperar o crédito do varejo é outro problema particular”, diz. “A Toshiba, japonesa, vem ao Brasil pela Multilaser e as outras marcas japonesas [Sony e Panasonic] estão saindo, o que mostra a importância de um parceiro local.”
Dependente da cadeia de produção global como todas as empresas de fabricação de eletrônicos, a Multilaser também enfrenta a crise de escassez de semicondutores, que limita a capacidade produtiva das empresas e causa aumento de custos desde o começo da pandemia, quando a alta da demanda e as restrições sanitárias para conter a covid-19 geraram um descompasso produtivo nas poucas empresas do ramo, como a taiwanesa TSMC.
“A falta de componentes continua, ainda que menos severa, mas tem sido agravada por fretes internacionais. Eles estão 10 vezes mais altos do que o piso histórico. Há uma alta demanda de eletrônicos e há navios impedidos de zarpar por restrições para conter a covid”, afirma Ostrowiecki.
Além do segmento de eletrônicos, a Multilaser tem presença em áreas mais “off-line”, como o mercado pet. A empresa comprou, em junho, a Expet, de tapetes higiênicos, para reforçar sua participação nesse mercado onde já atuava com produtos próprios.
“Há sete anos, temos a linha de produtos para bebês. Recentemente, vimos que as pessoas estão tendo mais pets e menos bebês. E os pets são tratados de forma similar a um bebê. Por isso, vimos a importância de estar nesse mercado”, declara o CEO.
No seu primeiro balanço após o IPO, a Multilaser registrou lucro de 202,3 milhões de reais, um crescimento anual de 122,9%. No semestre, o lucro saltou 376,2%, indo a 395,9 milhões de reais. Com uma série de planos e em fase de expansão global no consumo de eletrônicos, a empresa deve ter um ano de 2021 positivo. “Estou cautelosamente otimista até o fim do ano. O PIB pode crescer 5% e vejo com bons olhos o aumento do bolsa família para injetar dinheiro na base da pirâmide. Por outro lado, é importante a aprovação de reformas estruturantes. Gostaria de ver o dinheiro dos impostos sendo injetado na base da pirâmide, e não para o topo, com o funcionalismo. Gostaria de ver o equilíbrio das contas, inflação e juros”, diz Ostrowiecki.
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