Ambev pode valer menos de R$ 200 bi com fim do JCP
Em pesquisa do Bradesco BBI, investidores locais apontaram que impacto negativo pode chegar a 20% do valor de mercado da empresa
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 1 de setembro de 2023 às 15:24.
Quanto o fim das deduções do juro sobre capital próprio, o JCP, vai custar para as ações da Ambev? Essa foi a pergunta dos analistas do Bradesco BBI para investidores do papel.
O banco e os investidores acreditam que o impacto total do fim do benefício do JCP corresponderia a 20% do valor de mercado da Ambev, mas metade disso já foi precificado.
Hoje a ação da Ambev está negociada a R$ 13,72, numa queda acumulada de pouco mais de 3% no ano. O valor de mercado atual da Ambev é de R$ 216,14 bilhões. Se a pior projeção se concretizar e o impacto for completo, então o valor de mercado ainda cairia mais 10%, indo para algo em torno de R$ 195 bilhões.
A pesquisa foi feita nesta quinta-feira, 31, com 25 investidores locais, após o mercado reagir à publicação de um projeto de lei pelo governo brasileiro que propõe o fim do benefício fiscal. As empresas utilizam o JCP para remunerar seus acionistas. Ao pagar o JCP, as empresas estão utilizando juros de longo prazo sobre o valor do seu patrimônio líquido, e essa taxa se transforma em uma despesa que pode ser utilizada como dedução no cálculo do Imposto de Renda da empresa.
A Ambev é uma das maiores pagadoras de JCP. Somente em 2022, a empresa pagou R$ 12 bilhões em JCP para os acionistas. Supondo que a empresa não mude sua estrutura de capital, o impacto negativo nos lucros de 2024 pode chegar a 23%, de acordo com cálculos do BTG Pactual em relatório de julho.
O Bradesco BBI observa, porém, que a pesquisa pode ter um viés negativo, já que os investidores locais têm sido mais cautelosos em relação à Ambev do que os estrangeiros.
“Além disso, se o JCP for removido, é provável que a Ambev, assim como outras empresas brasileiras, encontre maneiras de mitigar o impacto potencial que não estão sendo consideradas pelo mercado (alavancagem, créditos fiscais, etc.).”
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado