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Alta de juros, alta da Bolsa? Para o BofA, é mais fácil falar do que acontecer

Banco vê aumento de credibilidade em movimento do Banco Central, mas vê riscos para taxa de juros de longo prazo

O secretário executivo indicado para o Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, durante coletiva no CCBB (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
O secretário executivo indicado para o Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, durante coletiva no CCBB (Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
Guilherme Guilherme

Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 13 de setembro de 2024 às 16:15.

O mercado se encontra em um cenário atípico, com investidores demonstrando otimismo em relação aos impactos da esperada alta de juros na bolsa de valores.

A tese predominante sugere que uma Selic mais alta contribuiria para ancorar as expectativas de inflação e reduzir a taxa de juros de longo prazo.

Com a queda dessas taxas, projeta-se lucros maiores para as empresas e, consequentemente, uma valorização das ações — uma situação atípica, mas que estaria prestes a acontecer na visão de boa parte dos gestores de ações, que veem os múltiplos da bolsa brasileiro muito depreciados.

Na prática, o cenário pode ser mais desafiador, de acordo com o Bank of America Merrill Lynch “A história sugere que essa tese é mais fácil de contar do que de se concretizar.”

O banco destaca que, das oito vezes em que o Banco Central elevou os juros desde 2002, apenas em três ocasiões a taxa de juros de longo prazo estava mais baixa seis meses após o início do ciclo de alta.

“Embora o aumento da credibilidade do Banco Central seja positivo, identificamos alguns fatores de preocupação com o ciclo de alta”, afirma o BofA.

Um dos fatores negativos, segundo o banco, é que a alta dos juros “provavelmente” já foi precificada pelos investidores. Além disso, a queda das taxas longas estaria atrelada ao cenário fiscal.

“Juros mais altos por um período prolongado implicam em uma maior relação dívida/PIB e riscos para o crescimento. As empresas enfrentarão maiores despesas financeiras, o volume de negociação de ações permanecerá pressionado, e os saques de fundos de ações podem continuar.”

O BofA projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa Selic dos atuais 10,5% para 12% até o fim do ciclo de alta. No entanto, o banco ressalta que há uma probabilidade de o ciclo ser mais curto do que o previsto, em razão do movimento inverso do Federal Reserve (Fed).

A expectativa é de que o Fed inicie seu ciclo de cortes na próxima semana, enquanto o Copom deve prosseguir com as elevações.

Apesar disso, o BofA acredita que o período de juros mais altos no Brasil será breve. O banco projeta que o Copom poderá começar a reduzir a Selic em setembro do próximo ano, um ano após o início esperado das altas.

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Guilherme Guilherme

Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Cobre mercado financeiro na Exame desde 2019. Também trabalhou na revista Investidor Institucional e participou do 9º Focas de Jornalismo Econômico do Estadão.

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