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Varejo

“Vamos continuar com ritmo forte”: Como a C&A quer seguir crescendo, a despeito do macro

Concessão de crédito deve ficar mais conservadora em 2025, mas reformas de lojas e assertividade nas coleções devem ajudar a ditar crescimento, diz CEO

C&A: redução de fatia do controlador veio com muitos fundos estrangeiros e nacionais interessados em entrar no papel (Leandro Fonseca/Exame)
C&A: redução de fatia do controlador veio com muitos fundos estrangeiros e nacionais interessados em entrar no papel (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 18:47.

Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 18:48.

À frente da C&A, Paulo Correa está terminando 2024 confiante e contratando mais crescimento para 2025. Se em 2023 os esforços foram de ajustes e de voltar aos trilhos de crescimento, este ano foi o de colher ganhos.

O ambiente ajudou, é verdade. O desemprego continuou a cair e o consumo ganhou força, com todas as varejistas mostrando desempenho melhor do que no ano anterior. Além disso, a concorrência com as plataformas cross-border voltou a ficar mais equilibrada com o fim da isenção tributária.

Agora, com dólar acima de R$ 6 e a perspectiva de mais inflação à frente, bem como de escalada dos juros básicos, a indicação é de turbulência no cenário econômico. Mas Correa acredita não ser suficiente para tirar o ímpeto do negócio.

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"Quem está bem-preparado consegue velejar, mesmo com vento mais fraco no ambiente macroeconômico", diz. "Em 2023, no terceiro trimestre tínhamos crescido 12% e em 2024 superamos isso. Vamos continuar com um ritmo forte, entregando resultados sustentáveis."

Num ambiente de deterioração das condições macroeconômicas, a concessão de crédito via C&A Pay passa a ficar mais conservadora, para “não perder o controle sobre a qualidade do crédito”.

Mas o principal antídoto para o macro são as mudanças feitas dentro de casa, aponta o CEO.

No terceiro trimestre de 2024, a companhia apresentou um crescimento de 16% nas vendas, totalizando R$ 1,8 bilhão, e um lucro líquido de R$ 43 milhões, revertendo prejuízo de um ano antes.

Um dos indicadores de destaque foi o de vendas em mesmas lojas, que saltou 19%, puxado pelo aumento de 11% da base de clientes. Essa evolução, argumenta o executivo, tem a ver, também, com as reformas e modernizações em pontos estratégicos da rede de lojas.

Para 2025, a C&A irá intensificar esse ritmo de reformas de lojas, segundo Correa.

Nas unidades reformadas, o fluxo de loja mostrou resultados positivos. A loja do Shopping Ibirapuera, por exemplo, viu suas vendas mais que dobraram desde a reformulação.

Outra mudança foi a mais assertividade às novas demandas do consumidor. Uma das inovações mais significativas foi a criação e a evolução de um algoritmo interno para otimizar as coleções e a distribuição de produtos.

A varejista manda a fornecedores pedidos de coleções-teste, com poucas peças que são destinadas a lojas específicas para medir a temperatura da demanda. Os indicadores de venda são colocados no algoritmo, que passa a simular qual o potencial de venda dessas peças e qual deve ser o tamanho da encomenda aos fornecedores.

Em 2023, a empresa fez cerca de 80 testes, neste ano o número chegará a 15 vezes mais e a intenção é acelerar ainda mais em 2025, de acordo com o CEO.

"O algoritmo tem sido um divisor de águas. Estamos mais rápidos e mais certeiros ao oferecer o que o cliente quer, quando ele quer", diz Correa. A evolução do modelo tem permitido à companhia ajustar com precisão o sortimento e os estoques, minimizando o risco de excessos e maximizando as vendas.

Nova queridinha dos analistas, a ação da C&A sobe 33% em 2024, bem à frente dos 11% de alta da Guararapes (dona da Riachuelo) e na mão inversa da Renner, que acumula perda de 11,25%.

Ainda assim, há espaço para ganhos. O Citi elevou recentemente seu preço-alvo de R$ 14 para R$ 16, potencial de alta de 62% em relação à cotação de fechamento desta sexta-feira (13).

O bom momento motivou, inclusive, a diminuição da fatia de controle pelo Cofra, veículo da família holandesa Brenninkmeijer, que fundou a companhia em 1941. A participação passou de 65% para 52%. numa operação para trazer mais liquidez para o papel. "A ideia foi destravar valor para o papel. Vínhamos sendo muito procurados por fundos nacionais e estrangeiros e o volume diário de antes limitava a entrada de fundos maiores. Somos um case forte não só do varejo, mas do Brasil."

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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