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Remy Sharp
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“A Vale (VALE3) apresentou resultado abaixo da média de seus pares australianos e vai precisar de um tempo para se recuperar.” A avaliação é do analista do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) , Leonardo Corrêa, a respeito dos números publicados pela mineradora ontem à noite. O problema maior dos números – e os investidores já estavam negativos em função dos dados de venda anunciados na semana passada – foi o aumento de custos reportado.

Tudo indica que o novo conselho de administração, cujos nomes serão submetidos à votação em assembleia de acionistas amanhã, precisará de fato contribuir com o corpo executivo da companhia para melhorar a execução operacional. A pressão quanto a isso só cresce. Parte dos 12 nomes sugeridos já estava no colegiado e alguns são novos. A formação, se confirmada, marca a estreia da Cosan (CSAN3), a participação do CEO do conglomerado Luis Henrique Guimarães. O grupo construído por Rubens Ometto investiu cerca de R$ 20 bilhões na aquisição de uma fatia de 4,99% da mineradora.

O Ebitda de US$ 3,7 bilhões da Vale nos três primeiros meses de 2023 – 26% abaixo do trimestre anterior e 42% menor na comparação anual – foi 12% menor do que as estimativas do especialista do BTG. O custo dos finos de minério entregues para China alcançou US$ 61,7 por tonelada, ante US$ 52,3 no quarto trimestre de 2022 – 9% acima da projeção de Corrêa.

A crítica a um custo caixa elevado também é feita pela especialista do Credit Suisse, Vanessa Quiroga. O número veio 7% acima dos cálculos projetados pela analista. Para ela, a reação dos investidores será negativa, uma vez que o custo ficou “pior do que o esperado” - mais uma vez. A companhia tem sucessivamente desapontado investidores.

A ação da companhia, que era negociada em torno de US$ 16 na bolsa de Nova York até a semana retrasada, ontem fechou o dia US$ 13,96. Hoje, no pré-mercado, o papel começou o dia com queda próxima de 3% (o que é consideravelmente alto para um ativo tão líquido quanto a Vale). Há pouco, porém, o movimento estava bem mais suave, com recuo de 0,30%. No Brasil, no começo do pregão, a queda estava em torno de 1%.

Colocando em bilhões, a mineradora perdeu quase R$ 40 bilhões em valor de mercado – na B3, onde está avaliada em R$ 313 bilhões. A Vale é hoje negociada com um desconto entre 20% e 25% frente às pares australianas. Em grande medida, esse deságio reflete a descrença a respeito da capacidade de execução operacional da companhia, que há anos vem desapontando os investidores. A administração enfrenta forte pressão neste momento.

Não por acaso, os analistas e investidores apontam que a Vale é hoje uma empresa guiada por temas macro, como preço do minério de ferro e economia chinesa. Falta uma narrativa própria de eficiência e expansão.

O analista do BTG destacou que mantém a recomendação de compra para as ações da companhia, com preço-alvo de US$ 23 por ação. Ele aponta que a administração se mantém cautelosa na alocação de capital, que a alavancagem continua muito controlada, com a relação entre dívida líquida e Ebitda abaixo de 1 vez. Assim, acredita que a geração de caixa, em boa medida, deve ser usada para remuneração de acionistas, em um mix de dividendos e recompras de ações. Com isso, espera um ‘yield’ de 11% a 13% para 2023. Vanessa Quiroga, do Credit Suisse, também tem indicação de compra para as ações (outperform), com preço-alvo de US$ 25,50.

Porém, não resta dúvida que a lupa dos investidores sobre a companhia, a maior do Brasil, só aumenta. E agora, sobre a Cosan também. Embora o grupo de Ometto não se apresente como acionista de referência, uma vez que sequer é o maior investidor, há grande expectativa no mercado que a presença no conselho traga um olhar empresarial à gestão. E haverá um grande escrutínio sobre retorno do maior investimento, em uma só tacada, já feito pelo grupo.

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