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Varejo

Postergar abertura de lojas não vai afetar nossa competitividade, diz CEO do Assaí

Com redução em plano de abertura de lojas, varejista aposta em novas categorias e oferta de maquininha de pagamentos Assaí para clientes PJ para turbinar resultados

Belmiro Gomes do Assaí

Foto: Germano Lüders
27/09/2024 (Germano Lüders/Exame)
Belmiro Gomes do Assaí Foto: Germano Lüders 27/09/2024 (Germano Lüders/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de novembro de 2024 às 18:32.

Última atualização em 13 de novembro de 2024 às 18:39.

Os juros altos fizeram a direção do Assaí decidir reduzir a abertura de lojas em 2025 para 10 unidades, adiando para 2026 uma leva maior de inaugurações. Mas a decisão, garante Belmiro Gomes, CEO da rede de atacarejo, não vai impactar a competitividade da varejista, mesmo diante de um ambiente de concorrência mais acirrada.

"Os juros estão altos para todo mundo. Qualquer novo investimento que você faça tem que se sacrificar mais em endividamento e despesa financeira”, afirma. A varejista fez seu Investor Day na tarde desta quarta-feira, 24.

Pelo tamanho da companhia hoje, que passará de 212 lojas me 2021 para 300 lojas ao fim deste ano, postergar projetos por um ano não deve surtir efeito significativo para competir e continuar gerando caixa operacional, que neste ano deve fechar acima dos R$ 4 bilhões.

“Não deixo de ser mais competitivo em precificação por causa da alavancagem, tampouco de investir nas medidas de inovação e atualização do modelo", diz o executivo.

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Com esse tamanho de operação, Belmiro, como é mais conhecido, está confiante de que o Assaí consegue se proteger do avanço da concorrência, inclusive a regional, que tem sido apontado por analistas como a principal pedra no caminho.

Segundo ele, mesmo que o regional ganhe share, dificilmente baterá a participação nacional do Assaí, hoje em 7%. Regionalmente, uma das estrelas tem sido o nordestino Mateus, que tem seguido o ímpeto de expansão no Norte e Nordeste. O crescimento de vendas de 26% nas operações de atacarejo do Grupo Mateus no terceiro trimestre veio acompanhado de um salto de 19 lojas em um ano.

“É preciso esperar 2025 para ver quantas lojas, de fato, o setor todo vai abrir. Por que o cenário de juros era outro quando boa parte das companhias anunciaram seus planos de inaugurações. E, sinceramente, para um mercado que tem 2.500 lojas, não são 10 lojas de um, cinco ou quatro [companhias] que mexem o ponteiro do ponto", diz.

Agora, o foco do Assaí é reduzir a alavancagem, atualmente em 3,52 vezes. Até o segundo trimestre deste ano, grande parte da queda do indicador veio pelo ganho de Ebitda.

Com o fim dos pagamentos pela aquisição do Extra, e pelo reperfilamento da dívida que ajudou a dar mais prazo e reduzir o custo da dívida, a varejista espera que haja um equilíbrio maior na contribuição tanto do Ebitda quanto da redução de dívida para chegar à meta de 2,6 vezes ao fim de 2025, segundo o CFO, Victor Fagá.

Do lado da dívida, a decisão de um capex de apenas R$ 1 bilhão a R$ 1,2 bilhão em 2025 é uma das alavancas da companhia. A outra foi a emissão de debêntures que reduziram o custo de CDI+1,49% para CDI+1,40%, com o prazo indo de 32 meses para 41 meses.

Da venda de pneus e airfryers...

Já do lado do Ebitda, a expectativa da direção é que os ganhos da operação devem vir de uma série de iniciativas que a companhia já começou a dar tração. Uma delas é intensificar a participação do app Meu Assaí, que traz mais dados sobre hábitos de compra.

Outra iniciativa é apostar em mais categorias que não são o core de operações de atacarejo, mas que ajudam a trazer mais margem e aumentam o tíquete médio, especialmente com os clientes pessoa física -- que são 84% do fluxo das lojas e respondem por 58% do faturamento. É um passo seguinte ao dado pela companhia depois de colocar açougues, padarias e fatiadores de frios em cerca de 60% das lojas.

A companhia já vende 1 milhão de pneus ao ano, o equivalente a 4,5% do mercado brasileiro de pneus para reposição. Também aumentou sua venda de vinhos, vendendo cerca de 3 mil garrafas por hora. Mas, além dessas duas categorias que já se tonaram fixas no mix, o Assaí vem testando outros produtos para vendas pontuais, como televisores, airfryers, caixas de som bluetooth e importados.

"É como faz o Costco nos Estados Unidos. É como uma caça ao tesouro. Ele coloca um item que está lá numa área exposta em determinada data, mas não significa que você volta ao mês que vem e encontra o item novamente. É uma oportunidade única, com preço matador", explica Belmiro. O foco é aumentar o share of wallet.

Não significa que o Assaí terá esses itens no estoque com regularidade, como funciona num hipermercado. Por isso, diz o executivo, não há uma pressão de custo e, mesmo que o Assaí não seja um especialista, as condições de negociação com a indústria são favoráveis pelo volume comprado em um determinado pedido, argumenta.

... à maquininha Assaí

Já na frente para o cliente comercial, a principal aposta de novas avenidas de crescimento está na oferta de serviços financeiros, com adquirência e crédito. A primeira tentativa da companhia será na adquirência. A ideia, explica Fagá, é prover para os clientes serviços de adquirência que permitam não só o Assaí operar nesse mercado, mas fidelizar os clientes.

A companhia vai vender maquininhas para seus clientes PJ, que terão preços especiais por terem o serviço. "O objetivo é até menos ganhar no MDR [taxa de desconto do comerciante, na sigla em inglês] do que se tem no mercado e, muito mais, por meio desse terminal de pagamento conseguir identificá-lo e fazer uma das propostas de valor", diz Belmiro.
Nessa proposta de valor, além de preços especiais para o cliente, a ideia é trazer mais dados para a indústria, que hoje tem pouca percepção dos tipos de produtos vendidos por esses clientes que são lanchonetes, mercadinhos e restaurantes, por exemplo. "Nós estamos só no meio do caminho entre a indústria e esses estabelecimentos."
Para quem decide. Por quem decide.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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