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Otimista com demanda por carros importados, Sertrading investe R$ 30 mi em centro automotivo

Companhia especializada em comércio exterior fechou contrato com a Ford em 2022 e mira atender, pelo menos, mais cinco montadoras com nova oferta de serviços

Sertrading: executivos apostam em mais "inteligência" para montadoras no país (sertrading/Divulgação)
Sertrading: executivos apostam em mais "inteligência" para montadoras no país (sertrading/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de junho de 2023 às 20:06.

Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 19:29.

Nos últimos cinco anos, a Sertrading, empresa especializada em importação para multinacionais, saiu de um faturamento de R$ 1,9 bilhão para R$ 10,6 bilhões. A 'receita' para crescer mais de cinco vezes em cinco anos tem a ver com a mentalidade de tornar a companhia uma 'parada única' para clientes que precisam passar pelo processo de importação. Com investimentos em tecnologia e uma ampla gama de ofertas dentro de cinco áreas (encomenda de produtos, gestão fiscal e tributária, financiamento e logística), a companhia colheu um pico de crescimento em 2022. A receita bruta quase dobrou, com a entrada de clientes dos setores farmacêutico, de energia solar e de automóveis (Ford). Com a meta de faturar R$ 14 bilhões em 2023 e de continuar identificando as necessidades de seus consumidores, a companhia, que presta serviços para clientes como Ambev, P&G e Pepsico, investe agora R$ 30 milhões em verticalização no setor auto.

O dinheiro, que vem de um mix de caixa e dívida, será utilizado para criar um centro automotivo próximo ao Porto de Vitória (ES). As instalações devem prestar serviços que vão além da chegada dos carros ao país, fazendo serviços como gestão de estoque e emplacamento. Para isso, a companhia resolveu investir em uma área de 1,5 milhão de metros quadrados próxima ao Porto de Vitória, em que, hoje, tem 370 mil metros quadrados já prontos para receber os carros.

"Vamos aumentar conforme a demanda. Se o cliente quiser armazenar 100 mil veículos ou 2 mil, eu consigo fazer isso e, consequentemente, trazer previsibilidade de custo e de giro desse estoque. Os veículos têm alto valor agregado, com uma movimentação enorme no país, por isso investimos para que outras montadoras possam operar conosco", diz Sapata. A capacidade, hoje, é de atender mais cinco montadoras com esses serviços.

Pátio no Espírito Santo: capacidade de sobra para atender à demanda (Sertrading/Divulgação)

Hoje, o Porto de Vitória é uma região estratégica para o setor automotivo. Em 2021, criou um terminal exclusivo de movimentação de veículos. Este ano, foi por lá que chegou o recorde de "maior lote de veículos importados" no país, com 700 veículos eletrificados da montadora chinesa BYD. Mais do que um local importante para o segmento, também se trata de um lugar de referência para a Sertrading. Em 2022,  como reflexo principalmente de um contrato fechado com a Ford, a companhia importou pelo porto 30 mil veículos, de um total de 64 mil que passaram pelo Espírito Santo no ano.

Mesmo com presença marcada no local, a empresa quer aumentar a quantidade de veículos que passam por suas mãos, além de fazer mais receita com os clientes do setor automotivo. O momento do investimento acompanha o otimismo da companhia com a demanda por carros importados em 2024. "Acreditamos na queda dos juros a partir do segundo semestre deste ano e em uma retomada da economia. Os lançamentos de automóveis que vêm com cada vez mais tecnologia, além dos elétricos, estão na mira das montadoras, que devem trazer cada vez mais essa novidades para o Brasil. Entendemos que há um ambiente muito favorável para o ano que vem", diz Luciano Sapata, vice-presidente de estratégia da Sertrading, ao EXAME IN.

Hoje, o volume de importação do setor automotivo corresponde a um terço do montante transacionado pela empresa anualmente. Em 2022, foram R$ 5 bilhões de um total, somando os 16 setores com que a companhia trabalha, de R$ 19 bilhões. Neste ano, devem ser R$ 7 bilhões de um total R$ 23 bilhões. Os montantes da vertical de automóveis, vale ressaltar, não correspondem somente ao trabalho com a Ford, mas também englobam contratos com outras empresas para trazer peças para o país.

Além do auto

Os planos ambiciosos no setor de automóveis, por enquanto, representam o único investimento da empresa em verticalização. Entre os demais 15 segmentos em que atua, como farmacêutico, energia, químicos, máquinas e equipamentos para construção civil e aviação executiva, essa será uma alternativa olhada caso a caso. "Não vamos fazer isso para todos. Não quero ser dono da transportadora, ou do porto. Nosso papel é pegar todo o ecossistema, para que o cliente tenha a noção de que 'é só falar com a Sertrading que ela resolve'", diz Thiago Pontes, vice-presidente comercial e de operações da Sertrading.

Para isso, um dos pilares que a companhia tem mais trabalhado -- esse sim, de forma homogênea entre os setores -- tem sido o de tecnologia. Nos últimos dois anos, a empresa lançou o Sertrading Vista, sistema que tem como objetivo levar todo o fluxo de importações para o ambiente digital com automações, a fim de que possa ser acompanhado em tempo real pelo cliente.

Além disso, a companhia já investiu em duas startups do setor: a Kestra, voltada à gestão de comex, e a Vixtra, focada em financiar o importador. "Ambas nasceram aqui, os principais executivos foram funcionários da empresa e nós, os primeiros investidores. Essa troca está sendo muito positiva como investimento mas principalmente, como aprendizado", diz Sapata. 

São caminhos que reforçam a ambição da empresa de ser a opção número um para importações de multinacionais no país. Nos últimos cinco anos, a empresa conseguiu crescer mais de 5 vezes. Daqui até 2028 o caminho é longo, mas a Sertrading já mostra como quer manter o ritmo que mostrou até aqui.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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