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O México também adere à “taxa das blusinhas”. Boa notícia para o MELI 

Contra avanço de players como Shein e Temu, governo implementa imposto de 19% para vendas cross-border de qualquer valor; EUA e Canadá tem isenção até US$ 50

Mercado Livre: empresa vem crescendo rapidamente no México, que já representa mais de 20% das receitas (Divulgação/Divulgação)
Mercado Livre: empresa vem crescendo rapidamente no México, que já representa mais de 20% das receitas (Divulgação/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de janeiro de 2025 às 15:31.

Num modelo parecido com o imposto de importação implementado pelo governo brasileiro no ano passado, a “taxa das blusinhas” chegou ao México.  

Desde 1º de janeiro, o país implementou uma tarifa fixa de 19% sobre produtos importados via serviços de courier provenientes de países sem acordos comerciais, como a China – o que colocou um alvo nas plataformas cross-border como Temu e Shein.  

A isenção até este valor foi mantida apenas para mercadorias vindas dos Estados Unidos e do Canadá, com quem o México tem um acordo via Nafta. Para esses países, compras até US$ 117 também tem taxação menor, de 17%.

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O movimento deve dar um vento de cauda relevante para o Mercado Livre e para a Amazon, que dividem a liderança nas compras eletrônicas no país.  

O Meli vem crescendo rapidamente no México, que já representa mais de 20% das receitas – tomando a frente da Argentina como segundo principal mercado, atrás do Brasil. 

“Esperamos que tanto Meli quanto Amazon continuem ganhando espaço no comércio eletrônico no México”, escreveu o Itaú BBA em relatório.  

Diferentemente do Brasil, que o Mercado Livre tem cerca de 40% do mercado de varejo online contra apenas 10% da Amazon, no México as duas competem com fatias muito parecidas e crescem em ritmo acelerado.  

Hoje, 15% do valor das mercadorias vendidas pelo Meli no México vem de compras cross-border, a maior parte delas da China. Mas o maior peso da tributação deve ajudar a freiar os e-commerces asiáticos, que assim como no Brasil vinham ganhando participação em relação aos players locais.  

No Brasil, a introdução do imposto de importação de 20%, somado ao 17% de ICMS instituído em 2023 com o programa "Remessa Conforme", levou a uma queda sequencial de 43% no valor das remessas importadas.  

No caso da Amazon, cerca de 30% das vendas são cross-border, mas a grande maioria vem dos Estados Unidos – cujas vendas devem ser menos prejudicadas, dada a isenção até os US$ 50.  

Nesse sentido, outro aspecto a favor do Meli foi a inauguração de um centro de distribuição no Texas, permitindo que vendedores dos EUA cheguem aos consumidores mexicanos.  

A medida do governo mexicano acontece em meio a falas mais duras do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.  

A alegação do lado americano é de que o México tem servido como uma porta de entrada para os produtos chineses, justamente num momento de maior tensão na relação entre EUA e China.   

A decisão também vem depois de um anúncio recente de tarifas de até 15% para importações de matérias-primas têxteis e 35% para produtos acabados.

Algumas empresas aproveitavam brechas para importar produtos finalizados da China, o que prejudicava os fabricantes mexicanos e levantava a bandeira de falta de isonomia tributária e concorrência desleal – uma tecla em que o varejo brasileiro bateu tantas vezes por aqui.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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