Minerva: órgão antitruste do Uruguai reprova compra de plantas da Marfrig
Empresa indicou que irá recorrer da decisão, que pode passar por análise do presidente uruguaio Luis Pou
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de maio de 2024 às 19:31.
Última atualização em 22 de maio de 2024 às 14:21.
O negócio bilionário entre Minerva e Marfrig ganhou mais graus de incerteza. A Minerva confirmou nesta terça-feira, 21, que a autoridade a Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência (Coprodec) do Uruguai, o Cade do país vizinho, não aprovou a aquisição de três estabelecimentos industriais de propriedade da Marfrig por lá.
No começo deste mês, o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) já havia rebaixado a recomendação para as ações da Minerva de 'compra' para 'neutra', por conta das incertezas elevadas em relação ao futuro da companhia com a compra dos ativos de carne bovina da Marfrig.
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No Brasil, a análise pelo Cade também tem sido mais morosa do que esperado inicialmente, o que sinaliza, segundo a equipe de analistas, que o cenário para a ação da Minerva é 'extremamente binário'. Ou seja, o resultado da análise é crucial para definir o futuro do papel.
"As reações iniciais dos órgãos antitruste do Brasil e do Uruguai sugerem que a aprovação pode vir com remédios que tornem o negócio economicamente menos atrativo”, escreveu a equipe do BTG em seu relatório.
O preço dos ativos localizados no Uruguai totaliza R$ 675 milhões. As plantas fazem parte de um pacote de 16 ativos da Marfrig na América do Sul comprados pela Minerva. No anúncio em agosto, a operação de R$ 7,5 bilhões não caiu bem para investidores. Desde então, a ação da Minerva se desvaloriza 36%.
No comunicado desta terça-feira, a empresa afirmou ainda que está avaliando os termos da decisão da Coprodec, indicando que irá recorrer. A partir da publicação da Coprodec, a Minerva tem 10 dias para recorrer e, a partir daí, o governo terá 60 dias úteis para uma decisão, podendo passar até mesmo pela avaliação do presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou.
Na semana passada, com a iminência da negativa da autoridade uruguaia, a equipe do Safra publicou que um atraso na integração dos ativos adquiridos no Uruguai pode impactar negativamente a geração de fluxo de caixa da Minerva, "embora a conclusão das aquisições no Brasil, Argentina e Chile siga uma dinâmica independente e não deva enfrentar restrições significativa"
Já para a Marfrig, a equipe do banco diz que o efeito de atrasos e mesmo de uma rejeição é limitado. Isso porque é o comprador quem assume todos os riscos, os juros estão sendo acumulados sobre o R$ 6 bilhões pendente de recebimento da Minerva, e, por fim, a posição de caixa atual da Marfrig é suficiente para cobrir pelo menos 2 anos de dívidas a vencer (sem considerar o caixa da venda de ativos).
"No pior cenário e considerando que o comprador assume todo o risco, ainda não está claro se a Minerva teria que devolver os ativos à Marfrig e pagar uma multa, encontrar um terceiro para adquirir as plantas ou estar sujeita a qualquer outra medida", acrescenta a equipe do Safra, que manteve recomendação neutra para a ação da Minerva.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado