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JP Morgan: petróleo é o novo agronegócio – para a sorte do Ibovespa

Banco vê Ibovespa em 142 mil pontos e diz que commodity é nova alavanca do PIB brasileiro e alívio da política fiscal

Petróleo: aumento de produção deve elevar representação no PIB (Germano Lüders/Exame)
Petróleo: aumento de produção deve elevar representação no PIB (Germano Lüders/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

24 de janeiro de 2024 às 16:49

O agronegócio puxou o PIB e as contas externas do país em 2023. Agora é a vez da indústria do petróleo e isso pode se evidenciar na Bolsa, segundo a equipe de analistas de ações do JP Morgan. Para o banco, o Ibovespa deve terminar 2024 com alta de 10%, a 142 mil pontos, subindo num ritmo similar ao aumento de produção de petróleo.

Há uma razão clara, segundo o banco americano, para acreditar que o petróleo vai ocupar o lugar do agronegócio como alavanca do PIB brasileiro (ou quase isso): a produção está aumentando em ritmo consistente. A equipe do JP Morgan estima que a produção da Petrobras, principal petroleira do país, vá de 2,8 milhões de barris por dia (bpd) para 3,3 milhões de bpd nos próximos cinco anos.

“Nossa equipe de estratégia global de commodities prevê que a produção total de petróleo no Brasil subirá de 3,5 milhões de bpd em 2023 para 3,9 milhões de bpd em 2025”, escreve a equipe de analistas de ações do JP Morgan.

Esse aumento de produção tem três consequências. A primeira é a relevância da indústria petroleira no PIB brasileiro. Hoje, a extração de petróleo tem um peso de 3% na atividade econômica, semelhante ao que o setor agrícola tinha há 15 anos. De acordo com o economista do JP Morgan Vinicius Moreira, um aumento de 15% na produção poderia resultar em um aumento de 0,5% no PIB.

A outra consequência é a melhora nas contas externas. Praticamente tudo o que é produzido é exportado. O petróleo hoje é responsável por cerca de um quarto do superávit total de US$ 100 bilhões registrado em 2023. A expectativa é de que a commodity fique ainda mais representativa.

O petróleo também é um componente importante nas contas fiscais, e uma maior produção poderia significar maiores receitas do governo, auxiliando no lado fiscal.

A perspectiva positiva para as contas fiscais é importante para fôlego extra para o Ibovespa. A agenda fiscal é, como sempre, o “calcanhar de Aquiles” do Brasil. Segundo o banco, o plano fiscal continua a depender de mais receitas em vez de menores despesas, o que não é considerado a mistura ideal.

“Enquanto o governo for popular, há chance de a política fiscal se sustentar. Se a economia começar a piorar e a popularidade de Lula cair, a pressão por maiores gastos provavelmente aumentará. Há indícios disso ultimamente, com o lançamento de um programa de política industrial, um tanto reminiscente de administrações anteriores do PT, e o risco de aumento dos gastos fiscais e parafiscais”, escreve o banco.

Por enquanto, no entanto, o principal índice da Bolsa segue com perspectiva positiva, embora janeiro esteja sendo um mês longo e complexo. O banco defende que o apetite estrangeiro por investir no Brasil é “saudável” e deve continuar sendo impulsionado pela falta de atratividade das ações da China e pelo ciclo doméstico positivo proporcionado por taxas de juros mais baixas.

O JP Morgan espera que o Banco Central continue cortando a Selic até julho, chegando a uma taxa final de 9,5%em 2024. Isso teoricamente proporcionaria um aumento adicional de 12,5% no Ibovespa, pelos cálculos da equipe do JP. Para os analistas, esse potencial corte total dos juros básicos ainda não está precificado pela bolsa, o que abre espaço para valorização das ações de alguns setores, com destaque para o consumo discricionário e shopping centers.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado