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Itaú reduz posição e vende 7% da dona do Frango Assado e do Viena na B3

Principais compradores são fundos que já tiveram participação na empresa e voltam a montar posição relevante

Rede Viena: estratégia de isolamento e fechamento do comércio, para contenção da covid-19, prejudicou negócio (Viena/Divulgação)
Rede Viena: estratégia de isolamento e fechamento do comércio, para contenção da covid-19, prejudicou negócio (Viena/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

18 de novembro de 2020 às 22:42

No fim do pregão desta quarta-feira, a Itaú Asset Management vendeu um lote grande de ações da International Meal Company (IMC), a rede de alimentação dona de bandeiras como Frango Assado e Viena, por meio de um leilão. Passou uma fatia de 7,2% do capital da empresa de uma só vez e, após vendas recentes, terminou de reduzir sua participação no negócio para algo entre 11% e 12%. Há cerca de dez dias, já tinha feito um ajuste para 19,6%. Na época de André Caldas à frente da gestão dos recursos, a casa  já chegou a ter perto de 25% da companhia, cujo capital é pulverizado na B3.

Os principais compradores são gestoras que já foram acionistas de peso da IMC e agora voltaram a ampliar participação: UV e Faro e também a RPS. A operação teve interferência compradora e eles não ficaram com toda posição. O leilão começou em 3,40 reais por ação, mas os papéis saíram a 3,81 reais — um ágio de 12%. O giro total do negócio foi menos de 80 milhões de reais.

Os compradores já tiveram até participação no conselho da IMC no passado. Gostam de acompanhar de perto a condução dos negócios. No fim de outubro, a UV  informou ter alcançado 5,11% do capital.

A IMC está avaliada atualmente em pouco mais de 1 bilhão de reais, com a ação em 3,81 reais. Mas, ainda neste ano, antes da covid-19 contaminar o país, o papel chegou a marcar 8,82 reais, com a empresa valendo mais de 2,3 bilhões de reais. Nos piores momentos, a cotação rompeu o piso de 2 reais. Durante a pandemia, para fortalecer o caixa e proteger as finanças, a empresa renegociou condições das debêntures e emitiu ações, levantando 385 milhões de reais.

A percepção do mercado é que o Itaú terminou o ajuste na posição em IMC e também de sua carteira de forma geral. A gestora saiu da posição que tinha em Guararapes, dona da Riachuelo, reduziu a participação em Linx (com uma venda à própria Stone antes da assembleia) e também vendeu ações da Tegma. Todos esse movimentos foram fruto da saída de Caldas. Parte está relacionada com uma necessidade de redução de exposição a esses negócios após os resgates decorrente das mudanças na casa. E outra parcela vem da visão diferente de alocação de Bernardo Gomes, gestor da Itaú Asset, que, ao que tudo indica, prefere uma aposta mais moderada no setor de consumo do que Caldas.

Polêmica

Em agosto, a administração da IMC deixou os investidores um pouco de mau humor após propor uma assembleia de acionistas para mudar os planos de opções dos executivos, estruturados em 2017 e 2019. Ambos praticamente perderam efeito com a queda das ações em razão da pandemia.

Mais de 150 empresas no mundo adotaram medida semelhante — um movimento que vem sendo considerado controverso. A IMC acabou não conseguindo aprovação da proposta. Pesou no debate o fato de a consultoria de recomendação de votos ISS, que influencia fortemente os investidores estrangeiros e também alguns domésticos (mesmo os que não contratam seu serviço), ter adotado como política recomendar voto contrário à esse tipo de proposta.

A IMC queria colocar como cláusula do plano que as condições podem ser repactuadas no futuro, desde que dentro do que o conselho de administração sugerisse. No mercado, alguns investidores acharam que medida criava excesso de liberdade para alteração nos preços de exercício das opções.

 

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