Logo Exame.com
Balanços

Iguatemi tem lucro 25% maior no 2º tri – e quer fechar gap entre o desempenho de negócios e ações

Companhia reporta números fortes operacionais, mesmo com impacto das chuvas no Rio Grande do Sul e aposta em reciclagem de capital na compra do RioSul

Iguatemi: shoppings centers do Rio Grande do Sul tiveram seus aluguéis parcelados por conta dos impactos das chuvas em maio (Iguatemi/Divulgação)
Iguatemi: shoppings centers do Rio Grande do Sul tiveram seus aluguéis parcelados por conta dos impactos das chuvas em maio (Iguatemi/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 6 de agosto de 2024 às 19:28.

No Iguatemi, a palavra de ordem é alocação de capital. É uma resposta à dicotomia entre o desempenho operacional dos ativos e a performance dos papéis na Bolsa.

No segundo trimestre deste ano, o lucro líquido ajustado cresceu 24,6%, para R$ 106,5 milhões. O critério ajustado exclui o efeito contábil da linearização dos aluguéis, a oscilação no valor da ação da Infracommerce (empresa investida da Iguatemi) e o mecanismo de swap de ações. No contábil, o lucro líquido somou R$ 76,3 milhões, um recuo de 1,4% na comparação anual, impactado especialmente pelas perdas com o swap de ações.

SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no Whatsapp

Mesmo com o impacto das chuvas no Rio Grande do Sul, a empresa – que administra 14 shopping centers, como o Iguatemi São Paulo, o JK Iguatemi e o Pátio Higienópolis, além de outlets e torres comerciais – reportou um avanço de vendas de 7%, chegando a R$ 4,9 bilhões.

Se descontado o impacto das operações na região de Porto Alegre (onde o Shopping Praia de Belas, na margem do Rio Guaíba, ficou fechado por 20 dias), as vendas totais cresceram 9,8%. A receita líquida total somou R$ 318,5 milhões, 3,4% maior do que um ano antes.

Grande parte desse avanço se deve ao aquecimento da demanda, segundo o CFO, Guido Oliveira. A ocupação chegou a 95% e a companhia bateu recorde de contratos, com 109 novas assinaturas.

Embora tenha dado desconto de 50% no aluguel para os lojistas do Praia de Belas e parcelado parte dos aluguéis lá e nos outros dois shoppings que administra no Estado, o Iguatemi conseguiu reportar um desconto de apenas 3% sobre os aluguéis totais, patamar similar ao de anos anteriores a 2014, quando a economia vivia momento de aceleração.

No segundo trimestre, a receita total de aluguéis cresceu 3,3% e o custo de ocupação caiu para 10,8%, mostrando saúde financeira dos lojistas, diz o CFO. A inadimplência líquida ficou negativa em 1,4%, com o efeito do recebimento de débitos pendentes de trimestres anteriores.

Com esse cenário, o FFO (lucro líquido excluindo depreciação, amortização e efeitos não caixa) ajustado avançou 19% para R$ 153,9 milhões, com margem 6,4 pontos percentuais maior, a 48,3%.

Mas, ainda que o momento operacional seja forte, o ambiente macroeconômico tem feito os papéis das companhias do setor negociarem com descontos expressivos.

No caso do Iguatemi, esse percentual é de 40%, mesmo com a ação figurando entre as preferidas da grande maioria das casas de investimentos que a acompanham.

“A ação encontra-se muito descontada. Está negociando na casa dos R$ 21, sendo que o preço-alvo médio é de R$ 32”, diz Oliveira.

A administradora de shopping centers aproveitou o momento para fazer arbitragem entre o apetite dos fundos imobiliários, que vem topando pagar valores atrativos sobre shoppings, e o desconto a que a empresa negocia na B3.

Em junho, o vendeu 50% do Iguatemi São Carlos, tirando o ativo de seu portfólio. Além disso, vendeu 18% do Iguatemi Alphaville, em que segue majoritária, com 60% do capital. Essas operações levantaram R$ 208 milhões, num cap rate de 8,3% (o indicador mede o valor pago como proporção da receita líquida operacional dos ativos -- quanto menor, melhor).

Esses recursos foram reaplicados para a operação que marcou a volta da companhia ao Rio de Janeiro. Depois de quase ser vendida para a Allos, parte da fatia detida pelo Brooksfield no RioSul acabou ficando com o Iguatemi.

“Trocamos ativos com rentabilidade menor com um excelente cap rate de 8,3% por um premium asset que pagamos um cap rate de 7,7%, mas que, considerando as receitas, tem um cap rate de 11%. Isso vai adicionar às margens e Ebitda da companhia”, diz o CFO.

As famílias fundadoras, também acionistas do shopping, exerceram direito de preferência e fecharam um acordo com o Iguatemi e o fundo de investimento imobiliário BB Premium Malls, do Banco do Brasil, que tem consultoria do Iguatemi – esse fundo só compra ativos que a empresa administra e orienta a compra.

A administradora de shopping centers e o fundo compraram a dívida, que é uma emissão de CRI feita pela empresa das famílias. O investimento do Iguatemi será de R$ 360 milhões, avaliando o primeiro shopping center do Rio de Janeiro em R$ 2,4 bilhões. A dívida, depois, será revertida em participação. O Iguatemi ficará com 16,6% do RioSul.

Assim, o Iguatemi “volta em grande estilo”, segundo o executivo, ao segundo maior mercado em termos de varejo do país, e naquele que foi o primeiro shopping center dos cariocas.

Mirando mais retorno ao acionista, a companhia também tem apostado num programa de recompras. Lançado no ano passado, o programa aberto é para recomprar R$ 140 milhões. Só neste ano, devem ser R$ 80 milhões em recompra de papéis. Até junho, foram R$ 60 milhões já recomprados.

Outro ponto tem sido aumentar o dividendo pago. O valor passou de R$ 120 milhões do ano passado para R$ 200 milhões. Considerando o valor de mercado da companhia de R$ 6 bilhões e os programas de recompra, o dividend yield está na ordem de 6%.

“É um dividend yield alto considerando a média do Ibovespa. Estamos retornando muito caixa para o acionista”, afirma Oliveira. A mensagem é de que esse payout vai ser preservado na ordem de 5% a 6%. “E estamos desalavancando a companhia. Ficou em 1,8 vez, mas devemos chegar a 1,6 vez no fim do ano.”

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
Em meio a preocupações do mercado com inadimplência, Nubank traz novo chefe de crédito

Em meio a preocupações do mercado com inadimplência, Nubank traz novo chefe de crédito

Com venda de galpões e vacância baixa, Log dobra lucro no 2º tri

Com venda de galpões e vacância baixa, Log dobra lucro no 2º tri