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Investimentos de empresas

Hotmart: unicórnio vai às compras para ajudar clientes no mundo físico

Empresa comprou a startup paulista BeUni, avaliada em R$ 7 milhões, especializada no universo de brindes personalizados

João Pedro Resende e Mateus Bicalho, fundadores da Hotmart: fundada em 2011, a companhia soma mais de 30 milhões de usuários pelo mundo e faz vendas em 188 países  (Magê Monteiro/Divulgação)
João Pedro Resende e Mateus Bicalho, fundadores da Hotmart: fundada em 2011, a companhia soma mais de 30 milhões de usuários pelo mundo e faz vendas em 188 países (Magê Monteiro/Divulgação)
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Carolina Ingizza

19 de outubro de 2021 às 21:00

Em 2011, os amigos João Pedro Resende e Mateus Bicalho se juntaram para colocar de pé um projeto inusitado para a época: uma plataforma que ajudasse pessoas interessadas em vender e-books e cursos online. Dez anos depois, a empresa dos sócios, batizada de Hotmart, já vale mais de US$ 1 bilhão e tem mais de 490 mil produtos cadastrados na sua plataforma, atendendo a mais de 30 milhões de usuários em 188 países.

Para celebrar o aniversário de dez anos e ajudar a comunidade de empreendedores do país, a Hotmart lançou um desafio de startups para investir R$ 2 milhões em bons negócios. Dinheiro não é um problema: em março, a empresa recebeu um aporte de R$ 735 milhões em rodada liderada pelo fundo americano TCV, investidor de companhias como Netflix e Airbnb.

Depois de sete semanas, o desafio chegou ao fim e a companhia abriu a carteira mais do que esperava. No total, foram R$ 9,2 milhões investidos (veja no quadro abaixo), incluindo a aquisição por R$ 7 milhões da startup paulista BeUni — uma plataforma para compra e envio de brindes fundada em meados de 2019 pelos sócios Marcel e Murilo Pratavieira em São Carlos, no interior de São Paulo.

Em entrevista ao EXAME IN, o diretor de fusões e aquisições da Hotmart, Frederico Montezuma, deu mais detalhes sobre o desafio, que contou com mais de 600 empresas inscritas, e sobre a compra da BeUni.

"A princípio, a aquisição da BeUni não parece fazer sentido. Eles são um marketplace que conecta fabricantes, centros de distribuição e transportadoras para a venda e entrega de produtos físicos, como brindes e presentes personalizados. Mas a Hotmart sabe que os criadores de conteúdo que usam a plataforma gostariam de vender também produtos físicos, como canecas, cadernos e livros", diz o diretor.

A compra do negócio está diretamente relacionada com o objetivo de longo prazo da Hotmart, que quer atender sozinha todas as demandas dos criadores de conteúdo, desde os autônomos até as grandes escolas de cursos digitais. Em vez de investir na empresa, ela preferiu fazer uma aquisição para garantir que a startup fosse se dedicar integralmente ao seu universo de clientes. "Vamos manter os fundadores e a equipe de 20 pessoas no negócio", diz Montezuma.

Aquisições não são uma novidade para a empresa, que só em 2020 comprou três companhias: Wollo, Klickpages e Teachable. Segundo o diretor da área, as compras são uma forma da Hotmart trazer novas ferramentas para a plataforma e acelerar sua entrada em novos mercados, como no caso da compra da americana Teachable, que permitiu a entrada nos Estados Unidos. 

O unicórnio também acumula experiência investindo em startups. Desde 2016, a empresa tem uma área para olhar boas oportunidades no universo de tecnologia e educação e já investiu, no total, em 15 empresas. "Decidimos fazer o desafio como uma celebração dos 10 anos e para abrir as portas da empresa para empresas do Brasil inteiro", afirma Montezuma.

A tese de investimento da Hotmart, no geral, busca por startups que atuem em um grande mercado, possuam alguma conexão com a economia de criadores e que tenham um produto que possa ser usado pela companhia ou pelos seus clientes.

O tamanho do cheque varia de acordo com cada transação — e pode chegar até a uma negociação de aquisição. Antes do desafio, último investimento anunciado havia sido na startup de educação corporativa SkillHub.

Histórico da empresa

A Hotmart nasceu de uma percepção dos fundadores de que os brasileiros iriam, eventualmente, pagar para consumir conteúdo online. A tese pode parecer banal em 2021, mas soava quase utópica dez anos atrás, antes da popularização de plataformas por assinatura como a Netflix, da melhora da infraestrutura de banda larga e do amplo acesso a smartphones no país.

No começo, a Hotmart permitia que os criadores de conteúdo pudessem vender arquivos de texto, planilhas e apresentações pela internet. No primeiro mês da plataforma no ar, a empresa faturou só R$ 182.

O ponto de virada aconteceu em 2013, quando o consumo de vídeos online ganhou espaço no país. De lá para cá, produzir e consumir cursos online ficou mais fácil, o que se converteu em crescimento para a startup, que hoje mantém sua sede em Amsterdã, na Holanda, e tem outros 11 escritórios espalhados pelo Brasil, Estados Unidos, Espanha, México, Colômbia e França.

A empresa é uma das pioneiras da chamada "economia da paixão", em que as estrelas não são as celebridades patrocinadas por grandes marcas, mas sim as pessoas comuns que monetizam suas habilidades em cursos online. Vale ensinar desde dicas para ganhar dinheiro no mercado de ações, aulas de música ou até métodos para manter a forma sem sair de casa.

A expectativa é que esse mercado global de aprendizado online chegue a movimentar US$ 370 bilhões em 2026, segundo o Statista.

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