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Goldman dá downgrade em Bradesco e vê ROE ‘muito abaixo da média histórica’

Papéis do banco figuram entre as maiores baixas do Ibovespa após corte de recomendação de neutra para venda

Bradesco: Novo CEO reformulou a estrutura organizacional, reduzindo as distâncias entre ele e as lideranças (Crédito: Eduardo Frazão/Exame) (Eduardo Frazão/Exame)
Bradesco: Novo CEO reformulou a estrutura organizacional, reduzindo as distâncias entre ele e as lideranças (Crédito: Eduardo Frazão/Exame) (Eduardo Frazão/Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

9 de janeiro de 2024 às 14:28

Apesar de estar com uma expectativa positiva para os grandes bancos no Brasil principalmente por conta da redução das taxas de juros e da melhora nos índices de inadimplência, a Goldman Sachs rebaixou sua recomendação para o Bradesco, de neutro para venda.

Mais exposto ao segmento de baixa renda, que vem sendo desafiado por novos entrantes como Nubank e Inter, o Bradesco, na expectativa da Goldman, deve continuar com retorno sobre patrimônio bastante abaixo dos níveis históricos. As ações preferenciais do Bradesco figuram entre as maiores baixas de hoje do Ibovespa, com queda de mais de 2% desde o início do pregão.

A projeção da equipe liderada por Tito Labarta é de uma leve melhora no ROE do banco, que atingiu seu piso em 2023 em 11,3%, para 12,9% neste ano e 14,14% em 2025 – muito abaixo da média dos últimos 10 anos, de 18%. Concorrentes como o Itaú devem conseguir um ROE de 22% neste ano, nas contas do banco de investimento.

“O Bradesco foi o mais severamente afetado pelo último ciclo no Brasil, em parte devido a sua exposição estrutural a consumidores de baixa renda e uma abordagem menos restritiva para originação de crédito”, apontam os analistas.

Com uma previsão mais pessimista que a média, os analistas veem chances de revisão para baixo no consenso de mercado. Após uma queda estimada em 1% em 2023, a expectativa é que a carteira de crédito do banco suba 7% neste ano, impulsionada pelos melhores ventos macro, mas com crescimento ainda abaixo da média do mercado, de 8% a 9%,  nos cálculos da Goldman.

Entre os fatores que podem puxar os números para cima, estão mudanças de estratégia que podem ser anunciadas pelo novo presidente, Marcelo Noronha, que assumiu o cargo no mês passado.

Uma mudança de postura da Goldman, contudo, depende de uma crescimento do lado das receitas, com ganhos de market share e sucesso no avanço de segmento de alta renda, já que as iniciativas de cortes de custos implementadas pelo Bradesco não foram suficientes para puxar a rentabilidade para cima.

“A rede de agências caiu 40% desde 2018, com queda de 13% na base de funcionários, e a rentabilidade continuou caindo na medida em que a receita cresceu apenas 4% ano entre 2018 e 2023”, dizem os analistas. No mesmo período, as despesas operacionais subiram 3% por ano e as provisões cresceram 21%.

A Goldman tem um preço-alvo de R$ 16,70 para as ações preferenciais, com potencial de queda de 5% em relação ao fechamento de ontem. Por volta das 14h, os papéis caíam 2,45%, para R$ 16,34. No ano passado, a ação subiu cerca de 10%.

O banco elevou também a recomendação para Itaúsa, de neutro para compra, por ver a holding negociando com desconto em relação a participação no Itaú, uma de suas top picks no setor financeiro. A recomendação também é de compra para Banco do Brasil. Para Santander, a Goldman recomenda venda.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.