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EXCLUSIVO: Venda da Sigma Lithium entra em fase final; saiba os favoritos

Negociações envolvem listagem de subsidiária dona de projeto de lítio em Minas Gerais na Nasdaq e em Cingapura

Ana Cabral, fundadora da Sigma Lithium: fabricantes de baterias e montadoras entre as interessadas (Leandro Fonseca/Exame)
Ana Cabral, fundadora da Sigma Lithium: fabricantes de baterias e montadoras entre as interessadas (Leandro Fonseca/Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

18 de dezembro de 2023 às 18:01

A Sigma Lithium, dona de uma operação de mineração de lítio no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, anunciou hoje que está em fase final da negociação para a venda do negócio. A expectativa era concluir a transação até o fim do ano, mas agora o conselho espera que a conclusão ocorra apenas em 2024.

Segundo o Exame IN apurou, dois consórcios estão na reta final para levar o negócio. A chinesa CATL, de baterias, e a montadora Volkswagen são apontadas como as favoritas.

No comunicado apresentado hoje, a fundadora da Sigma Lithium, Ana Cabral Gardner, afirmou que a empresa atraiu o interesse de “algumas das empresas mais admiradas de baterias e veículos elétricos do mundo, incluindo montadoras e fabricantes de baterias”, sem citar nomes.

Como parte das negociações, a mineradora anunciou a listagem da Sigma Brazil, a subsidiária que detém de fatos os direitos do seu principal projeto, a Grota do Cirilo, na Nasdaq e em Cingapura como forma “de maximizar valor para os acionistas” e “nivelar o campo de jogo” na oferta.

De acordo com fontes próximas à empresa, a estrutura visa facilitar a compra do negócio por estrangeiros – especialmente os chineses. Uma lei promulgada no fim de 2022 no Canadá, onde a holding Sigma Lithium foi constituída, determina que o governo local precisa aprovar qualquer mudança de controle de empresas de minerais críticos de companhias que operam no país.

Outra questão é tributária, aponta a corretora canandense Cannacord Genuity em relatório. Se vendesse diretamente a operação brasileira, os atuais investidores da Sigma precisariam pagar um imposto sobre o ganho de capital. Nas negociações, a Sigma vinha afirmando que o potencial comprador precisaria compor essa diferença na oferta, o que vinha diminuindo a atratividade do ativo.

Na nova estrutura, os compradores fariam a aquisição via oferta de ações na Nasdaq ou em Cingapura. A escolha de ambas as bolsas visa ampliar a competitividade tanto para possíveis compradores orientais quanto ocidentais.

Com uma mina que produz lítio de acordo com os mais elevados padrões de ESG – com disposição de resíduos a seco e um fundo que visa – a Sigma atraiu o interesse de diversos players, interessados em garantir uma das principais matérias-primas para a fabricação de baterias para abastecer veículos elétricos.

A Tesla chegou a fazer uma aproximação com a companhia, mas o negócio não avançou. A CMOC, mineradora chinesa focada em molibidênio, também avaliou o ativo. O PIF, braço de investimentos do fundo soberano de Cingapura, também chegou a avançar nas negociações, que esfriaram, principalmente por conta de preço.

Hoje, a Sigma é avaliada em pouco mais de US$ 3 bilhões na bolsa canadense, uma queda de 15% no acumulado do ano por conta de um declínio no preço do lítio. Mas Ana Cabral vem querendo um prêmio pelo negócio, especialmente pelo potencial de crescimento da empresa, que, em  pouco menos de seis anos conseguiu tirar o projeto do zero para construir uma das principais mineradoras de lítio do mundo.

Sem tocar no assunto da venda, numa conferência em Riad no fim de outubro, a banqueira – sócia da firma de private equity A10 – disse que os investidores ainda subestimam o potencial da transição energética para mineradoras.

“Essas ações [de mineradoras de metais críticos para transição] são ações de crescimento, mas os investidores as precificam como se fossem ações de dividendos”, disse a empresária. Para ela, apesar de a Sigma gerar caixa e ter acesso ao mercado de dívida, esse custo de capital próprio elevado diminui a atratividade dos novos investimentos no setor, num momento em que o mundo precisa dessa oferta.

Se as projeções de crescimento de carros elétricos e capacidade de baterias se materializarem até 2030, a oferta da maior parte desses metais vai ter que crescer cinco vezes. Seis anos no tempo de mineração é praticamente amanhã”, afirmou.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.