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Crediário 2.0: Fintech Addi capta R$ 350 milhões para expandir no Brasil

A empresa colombiana oferece para o varejo físico e digital um modelo de parcelamento de compras sem juros que não precisa de cartão de crédito

Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega, fundadores da Addi: a rodada foi liderada pela americana Union Square Ventures, que investe na Coinbase e no Twitter
 (Addi/Divulgação)
Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega, fundadores da Addi: a rodada foi liderada pela americana Union Square Ventures, que investe na Coinbase e no Twitter (Addi/Divulgação)

Publicado em 26 de maio de 2021 às 06:00.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às 15:17.

Na última década, empresas como a sueca Klarna e a americana Affirm popularizaram no exterior o conceito de "buy now, pay later" (compre agora, pague depois, em português). Apesar de inovador para os estrangeiros, o modelo é conhecido há décadas no Brasil como o bom e velho crediário que grandes varejistas oferecem a seus clientes. A diferença primordial é o uso ou não de tecnologia na operação. 

Com as startups que atuam nesse segmento lá de fora crescendo a taxas impressionantes, empreendedores e investidores começaram a se perguntar se o modelo de “crediário 2.0” não poderia ser trazido e adaptado para a América Latina. Afinal, na região, há milhões de pessoas sem acesso a bancos e crédito. Com essa ambição, em 2018, os sócios colombianos Santiago Suarez, Daniel Vallejo e Elmer Ortega criaram a fintech Addi, que recebeu logo de cara cheques da gestora brasileira Monashees e da americana Andreessen Horowitz para tirar a operação do papel.

Hoje, com 200 empresas clientes na Colômbia e mais de 100.000 usuários cadastrados, a companhia anuncia ter concluído a captação da sua série B de R$ 350 milhões (US$ 65 milhões) para investir na expansão pelo Brasil. Por aqui, a startup se lançou sem anúncio oficial há seis meses e já conquistou cerca de 50 clientes e 5.000 usuários cadastrados. 

O aporte foi liderado pela americana Union Square Ventures, que investe também no Twitter e na Coinbase. Fundos como 8VC, Citius Capital, Endeavor Catalyst, The Marathon Fund e investidores-anjo como Hans Tung (sócio da GGV Capital) e Huey Lin (ex-diretor de operações da Affirm) também participaram da rodada, assim como os investidores anteriores Andreessen Horowitz, Foundation Capital, Monashees e Quona Capital.

“Não poderíamos estar mais entusiasmados com a parceria com a equipe da ADDI. A empresa não está apenas ampliando o acesso do consumidor ao crédito no ponto de venda, mas permitindo, de maneira única, que os comerciantes latino-americanos ampliem seus negócios de e-commerce, oferecendo aos seus clientes opções de pagamento convenientes que liberam capital e aumentam as vendas”, diz, em nota, John Buttrick, sócio geral da Union Square Ventures.

Para a Monashees, que acompanha a operação da Addi desde o começo, a capacidade da companhia de se reinventar e crescer durante a pandemia foi um dos fatores centrais que motivou o novo investimento. “Antes da covid-19, a operação deles era bastante focada no varejo físico, mas a equipe e os sócios rapidamente conseguiram estruturar e expandir a frente de negócios digitais, entregando um crescimento exponencial”, diz Marcelo Lima, sócio da gestora brasileira, ao EXAME IN.

Só de janeiro até maio deste ano, a Addi quintuplicou o tamanho da sua operação, intermediando mais de 35.000 transações na Colômbia e 1.500 no Brasil. Mas a métrica que mais interessa ao fundador e presidente da startup, Santiago Suarez, é o quanto a empresa consegue aumentar o volume de vendas das lojas parceiras, taxa que hoje é por volta de 20% a 30%. “Nosso objetivo é fazer uma versão moderna do “buy now, pay later” ser realidade no Brasil, atingindo milhares de clientes. Mas o primeiro passo é mostrar aos varejistas parceiros a vantagem que é usar nossa solução”, diz o presidente.

Integrada às principais plataformas de e-commerce da região, como VTEX, Nuvemshop e WooCommerce, a Addi pode ser colocada no site de qualquer loja online em minutos. Para os clientes, desde a capa do site, passando pelos anúncios até o carrinho de compras, aparecem avisos falando sobre a possibilidade de pagamento com a fintech.

Para efetuar a compra, a pessoa só precisa apresentar uma informação de contato e um documento — a tecnologia da empresa faz a análise de crédito e verificação de identidade em segundos e libera ou não a compra parcelada sem juros. Ao lojista, o valor do pagamento é repassado na hora, mas os clientes têm alguns meses para pagar a fintech pela compra usando boleto, transações bancárias ou Pix. 

A meta da companhia é ir, aos poucos, participando mais das transações online dos clientes finais. Para melhorar esse relacionamento, nos próximos meses a empresa vai lançar seu próprio aplicativo, onde será possível acompanhar os sites que usam a solução e as contas em aberto.

O objetivo dos sócios é, em até 24 meses, bater a marca de R$ 1 bilhão transacionados. “No futuro, pensamos em trabalhar com outros produtos, como fidelidade, e oferecer nossos serviços de autenticação de forma separada. Mas hoje, estamos focados no crescimento da nossa solução de processamento no mercado brasileiro e colombiano”, diz Vallejo.

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