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Covid: Brasil supera pico de mortalidade por milhão dos EUA   

Ritmo de casos indica que país caminha para média europeia, equivalente a 18 mil óbitos semanais, conforme Instituto Estáter: não é surto de Carnaval

Transferência de pacientes em Manaus: capital amazonense viveu pior crise de infraestrutura do país, até o momento
Transferência de pacientes em Manaus: capital amazonense viveu pior crise de infraestrutura do país, até o momento
GV

22 de março de 2021 às 08:38

O Brasil avançou a passos largos no pior dos rankings durante as últimas semanas, o de óbitos em decorrência da covid-19. Os indicadores apontam que o país ultrapassou 15 mil mortes semanais. Isso representa acima de 70 falecimentos por milhão de habitantes, que é o dobro do pico do ano passado e supera o pior índice registrado por semana pelos Estados Unidos — que foi de 66 por milhão, conforme dados coletados e organizados pelo Instituto Estáter.

A radiografia do futuro é pior, quando se avalia outros países que já saíram do pico. Seguindo este ritmo, o indicador sinistro rapidamente pode superar a média dos principais países europeus, que foi por volta de 85 mortos por milhão. Aplicada aqui, seria o equivalente a 18 mil óbitos por semana.

Os dados a respeito de positivos, que ainda não pararam de crescer, indicam que o Brasil está avançando em direção ao índice médio dos principais países europeus. No início do mês, por semana, os novos positivos estavam em torno de 400 mil e, agora, já beiram os 500 mil — uma alta de 20%. Portanto, não se trata de um surto pós-carnaval.

O alerta que fica é: o número é mórbido, mas ainda está longe dos 125 óbitos por milhão do pico no Reino Unido ou dos 180 de Portugal. Há, portanto, espaço para o quadro se agravar ainda mais. Se o sistema já está perto do colapso neste momento, o que dirá nas próximas semanas? Como os hospitais enfrentarão esta demanda ainda crescente relacionada à covid-19? A pior situação vivida no país, até o momento, ocorreu em Manaus (AM), com falta de leitos e oxigênio.

Para contribuir com o cenário de gravidade, o ritmo de vacinação no Brasil está muito aquém dos Estados Unidos e de outros países da América Latina. Antes, no Brasil, havia uma grande diferença de curvas entre os estados. Subitamente, contudo, aqueles em que o contágio estava mais moderado avançaram ao mesmo tempo, o que deu uma maior homogeneidade à crise de saúde no país — e dimensões continentais aos números.

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